O Ministério da Educação demorou 27 meses a reconhecer aquilo que qualquer professor percebeu ao fim de 27 minutos: a existência de provas de recuperação era uma medida sem pés nem cabeça, inexequível, complicada, mal explicada e ineficaz. Apesar disso, foram teimosamente mantidas durante mais de dois anos. Ao longo de todo esse tempo, milhares de provas de recuperação foram feitas, com um desperdício de toneladas de papel e um gasto incalculável em horas de trabalho. E para quê? Para nada. Rigorosamente para nada.
Como é costume nestas situações, ninguém foi responsabilizado. Nem os responsáveis políticos que tiveram a ideia, nem os "peritos" do ministério que a redigiram. Mas deviam sê-lo, não só porque conceberam um monstro burocrático que gastou milhões de euros ao Estado, mas principalmente porque o fizeram com intenção de castigar e desautorizar os professores, corroendo com isso a pouca disciplina que ainda existia nas escolas.
Poder-se-ia pensar que uma vez reconhecido o erro, o ministério emendasse. Mas não, o novo estatuto do aluno continua a prever pérolas como "o aluno com excesso de faltas deve ser objecto de medidas de diferenciação pedagógica com o objectivo de promover aprendizagens que não tenham sido realizadas em virtude da falta de assiduidade” e "sempre que um aluno for suspenso preventivamente, a tutela diligencia a prestação de apoio médico e psicológico aos envolvidos e seus familiares, através de uma equipa multidisciplinar". Já se está mesmo a ver onde é que isto vai dar.
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