sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Uma região, dois estados

Por Shimon Peres, Presidente do Estado de Israel

Não há falta de opiniões quando se trata de questões relativas ao médio oriente, e os acontecimentos recentes em Gaza confirmam isto. Uma minoria de especialistas em Médio Oriente têm defendido a solução de um só estado, que minaria a legitimidade e o direito reconhecido internacionalmente de Israel a existir, como estado judeu soberano na terra dos meus antepassados. Testemunhando pessoalmente o admirável progresso realizado pela Autoridade Palestiniana nos últimos anos, julgo que uma solução de dois estados não só é a melhor solução para este conflito antigo, como é uma solução que está ao nosso alcance. A solução de um estado tem erros intrinsecos que não têm solução alguma. Partindo da perspectiva de Israel, não é possível para o povo judeu aceitar um acordo que signifique o fim da existência do estado judeu. Partindo da perspectiva palestiniana, não deve ser negada a oportunidade de tomar o seu destino nacional . Descretentes da solução de dois estados defendem - não sem alguma razão - que a Faixa de Gaza e a Cisjordânia são pequenas de mais para absorver os refugiados palestinianos. Mas isso também seria o caso da solução de um estado de 24 mil quilómetros quadrados, que está a transbordar com 10 milhões de habitantes (5,5 milhões de judeus e 4,5 milhões de árabes). Mas se os cépticos poderiam questionar o tamanho da Cisjordânia e de Gaza, os optimistas não precisariam de olhar para além de Singapura para ter a sua confiança restablecida. A área da Cisjordânia e de Gaza é nove vezes do tamanho de Singapura. Não obstante a população combinada das duas regiões é menor que a de Singapura. Este país do sudoeste asiático goza de um dos maiores padrões de vida do mundo. Temos esperança que o palestinianos sejam capazes de fazer o mesmo, e continuaremos a trabalhar sem descanso, com os nossos companheiros na mesa das negociaçoões, para estabelecer um estado palestiniano autónomo, onde a população estabeleça uma economia aberta, baseada na ciência, na tecnologia e nos benefícios da paz. O estabelecimento de um país multinacional, é um caminho ténue que não é um bom preságio para a paz, ao contrário disso, reforça a prepétuação do conflito. O Líbano, tomado pela violência sectária e a pela instabilidade, representa só um dos muitos exemplos de uma indesejável situação. As dificuldades de uma solução de dois estados são numerosas, mas permanencem como sendo a única fórmula moral e realista para terminar o conflito Israel-Palestina. Os que não estão comprometidos com esta solução, argumentam que a criação de um estado palestiniano fará a "cintura" de Israel ficar muito estreita - cerca de 10 km - para assegurar a segurança dos seus cidadãos. Realmente, 10 km seria muito estreito para garantil total segurança. O que só reforça a nossa crença de que a segurança de Israel não está só relacionada com a sua defesa territorial, mas também com a paz. A paz providência a amplitude da segurança, mesmo quando a cintura for estreita. No mês passado, o líder líbio Muammar Kaddafi esboçou as suas sugestões para uma solução de um só estado. Apesar de discordar dessa fórmula, estou encorajado pela maneira como ele a explica e constrói. É de salientar a sua premisa fundamental e central de que: "O povo judeu quer e merece a súa patria". A ressonância destas palavras é crucial, pois elas opõem-se aos elementos islâmicos radicais que rejeitam o direito do povo judeu em ter a súa patria na terra de seus antepassados e, com base nisto, defendem uma "jihad" assassina, cujo objectivo é destruír Israel. O povo judeu deseja e merece viver em paz, na sua terra natal por direito e historia. O povo palestiniano deseja e merece a súa propia patria, as suas proprias instituições políticas e o seu direito à autodeterminação. É vital que esta causa esteja baseada no projecto de coexistência entre judeus e árabes, e que se traduza em cooperacão nas áreas da economía, turismo, meio ambiente e defensa. A obtencão de tudo isto só será possível garantindo a cada povo o seu estado e fronteiras, para permitir que os seus cidadãos rezem de acordo com a sua fé, cultivem as suas culturas, falem as suas próprias línguas e guardem as suas heranças. Faremos o nosso maior esforço para permitir que estes dois estados floresçam. Talvez um día, israelitas e palestinianos escolham, como na Europa, não permitir que as fronteiras limitem a cooperação económica ou sirvam de razão para a guerra.
Publicado no Jornal The Washington Post a 10 de Fevereiro de 2009

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Os dois governos de Benjamin Netanyahu

Depois de ter sido convidado pelo Presidente Shimon Peres a formar um governo, a vida não está muito facil para Benjamin Netanyahu. Por um lado, tem a recusa de entrar na coligação por parte do Kadima e do Havoda; por outro, tem de lidar com a exigências dos partidos religiosos da direita. O Shas e o Judaísmo Unido da Torah já começaram a apresentar a habitual lista da extorção.
Netanyahu é assim quase forçado a ter de fazer duas coligações em simultâneo: uma com o Havoda e o Kadima, mais a seu desejo, e que teria 68 dos 120 assentos da Knesset; e outra com a direita religiosa (Shas e JUT) e laica (Beitenu, Lehumi e Yehudi), na qual teria 65 lugares. As hipoteses para a primeira são cada vez menores, uma vez que quer Livni, quer Barak, já afirmaram preferir passar à oposição.
A verificar-se a segunda, surgirá o governo mais à direita da história de Israel. O desfecho de um executivo destes será impossível de prever.
A oposição poderá ter vantagem ao demarcar-se da direita, mas por outro lado, poderá ser acusada de ter lançado o país nas mãos do partidos da extrema direita, perdendo com isso pontos.
O Likud está também numa posição dificil, porque ao liderar um governo tão à direita, terá metade de Israel e o mundo inteiro contra ele.
Os únicos que aparentemente estão numa posição de força são os cortejados religiosos e o sr Lieberman, cuja ida para o governo poderá amaciar, ... ou não. Previsões só no fim do jogo.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

O caixote azul

Cada vez que leio notícias sobre a educação, penso sempre que "na próxima já não me vou surpreender". Mas engano-me sempre. Esta sobre o atraso na entrega desse caixote demonstra bem o estado em que as coisas estão. Nem os pais, nem as crianças têm o minimo interesse pelas aprendizagens do 1º ciclo: grande parte dos alunos sai de lá a soletrar e sem saber fazer cálculos, entre outras falhas. Não vejo ninguém indignado, nem ansioso por causa disto. E traumatizado muito menos. Mas quando chegamos ao circo, logo aparece uma série de gente preocupada com a falta de um computador. Como se a escola se resumisse a isso. Não é de esperar outra coisa, pois o próprio 1º ministro visita escolas e não aparece a inteira-se de mais nenhum assunto que não seja o do computador Magalhães. Quando é o próprio poder a não dar o exemplo, a fomentar o acessório e a fugir ao essencial, não há muito mais a dizer.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Livni


Apesar de ter ficado em primeiro lugar nas eleições, o partido Kadima não deverá ser convidado a formar governo. Tzipi Livni recusou juntar-se a um governo de direita com o Likud. Ao proceder desta forma, Livni passa o ónus da governação para Netanyahu. Faz bem, por vários motivos: um governo liderado por ela, com o Likud e o Shas, seria o princípio do fim do Kadima; encostar Netanyahu à direita liberta um grande espaço de manobra ao centro e à esquerda, ganhando com isso capital político; demonstra desapego ao poder, o que reforça a sua imagem de política séria; submete a direita radical a uma cura de governo, que apesar de ser arriscado deverá enfraquecê-la. Aguardam-se desenvolvimentos.

Colina da Primavera

Assim se traduz Tel Aviv.
A segunda maior cidade de Israel é também a mais cosmopolita e secular. Considerada a cidade mais liberal do Médio Oriente, Tel Aviv é um farol num mar de águas agitadas.
Dar o nome de Tel Aviv a este blogue, não é desconsiderar Jerusalém, capital do Estado de Israel e homóloga de Lisboa, é sim e apenas por ter com ela uma maior afinidade.