quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Das reprovações

O relatório da OCDE segue a tese de que reprovar é dispendioso e os efeitos negativos da reprovação anulam as consequências positivas. É uma tese muito popular entre uma certa esquerda socialista presa aos fundamentos da pedagogia romântica e filha de uma conceção demasiado otimista da natureza humana. Quando o aluno falha, a culpa nunca pode ser dele. Ou é da sociedade, que tem as costas largas, ou da família, que tem uma qualquer deficiência, ou é da escola que não está preparada para compreender os alunos que falham. Em última instância, a responsabilidade é sempre atribuída ao professor.
Esta cultura da desresponsabilização individual amacia e prepara o jovem para aceitar o "nanny state", um Estado protetor, paizinho, que mete sempre a mão por debaixo, que embala o berço, que socializa os prejuízos para que o indivíduo possa maximizar os lucros. E é assim, graças a esta cultura de dependência, que a escola prepara as crianças, os jovens e os adultos para aceitarem como inevitável o alargamento sem limites das funções sociais do Estado até que a realidade resolve pôr fim ao processo. Isto é, quando o dinheiro dos outros acaba. É então que o jovem, saído da escola, está pronto para engrossar as fileiras dos indignados.
Ramiro Marques, no ProfBlog.

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