segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Israel, a Comunidade Internacional e a paz com os Árabes - Parte 5

Por João Monteiro
Apesar de tudo, a Resolução 242 deu aso a interpretações convenientes da parte dos Árabes e a sua terminologia foi usada para a criação de um facto político novo que, a partir daí, a retórica árabe tem imposto e a Comunidade Internacional em geral e a ONU em particular, têm vindo a dar cobertura, esquecendo completamente todas as disposições do Direito Internacional irrevogáveis que atestam o contrário: a dos territórios “ocupados” e a da “ocupação ilegal” dos territórios “palestinianos”. Os Árabes iniciaram, assim, a campanha diplomática que perdura nos fóruns internacionais, como nova forma de combate a Israel sem esquecerem, contudo, todas as outras formas de luta violenta: a guerra de desgaste lançada pelo Egipto até 1970 através de insistentes bombardeamentos de artilharia ao longo da nova fronteira comum no Canal do Suez resultante da Guerra dos Seis Dias, aos quais Israel ia respondendo com ataques aéreos em território egípcio; a Guerra do Yom Kippur de Outubro de 1973, o novo ataque com o objetivo do extermínio do Estado Judeu da parte do Egipto e da Síria respetivamente, no Canal do Suez e nos Montes Golan, agora mais bem preparados militarmente com a assistência da União Soviética e aproveitando o estado de relaxamento militar, político e social reinante em Israel onde ninguém acreditava na possibilidade de um ataque dos árabes (em 1979 o Egipto, através do seu presidente Anwar Sadat aceitou, finalmente, assinar um tratado de paz com Israel – que devolveu a Península do Sinai – tratado esse que foi condenado por todo o mundo árabe e cujo preço Sadat pagou com a vida em 1981); as duas Guerras do Líbano, em 1982, a resposta de Israel aos ataques da OLP vindos da fronteira daquele país e em 2006, aos ataques do Hezbollah, permeadas pelas duas Intifadas (a primeira de 1987 a 1992, consequência da instigação à violência vinda das mesquitas por supostas atrocidades cometidas por Israel, a segunda – chamada de Al Aksa, como resposta a suposta profanação da área da Esplanada das Mesquitas (Monte do Templo) – de 2000 a 2002).
Entretanto em Setembro de 1993 e após a violência da Primeira Intifada, a esperança de Israel finalmente obter a tão ansiada paz e a aceitação dos seus vizinhos árabes renasceu, com a assinatura dos Acordos de Oslo com a OLP liderada por Yasser Arafat – depois de um processo de negociações que levou ao reconhecimento mútuo – culminados com a assinatura do Acordo Interino Israelo-Palestiniano sobre a Margem Ocidental e a Faixa de Gaza em Setembro de 1995 (Acordo Interino ou Oslo II) e pelo Protocolo de Hebron em Janeiro de 1997. Estes acordos incidiam sobre a transferência de responsabilidades administrativas e de governação em determinadas áreas para a criada Autoridade Palestiniana com a consequente autonomia de partes dos territórios que ficaram sob a sua responsabilidade e a correspondente retirada das forças de Israel dessas zonas (na Faixa de Gaza e na Margem Ocidental em Jericó, Jenin e posteriormente em outras cidades). Porém, a principal responsabilidade de pôr fim à violência, assumida pela Autoridade Palestiniana naqueles acordos, nunca foi posta em prática, tendo-se verificado, não poucas vezes, que ela própria a fomentava, na pessoa do seu líder, Yasser Arafat. E a prova é que numa última tentativa de fazer avançar o processo de paz antes de deixar a presidência dos Estados Unidos, Bill Clinton convidou Yasser Arafat e Ehud Barak, então Primeiro-Ministro de Israel, para uma cimeira em Washington em Julho de 2000, na qual Barak fez a Arafat uma oferta de território sem precedentes (entre outos, 95% da Margem Ocidental e toda a Faixa de Gaza com criação de um Estado Palestiniano nesses territórios e o controlo palestiniano sobre Jerusalém Oriental incluindo a maior parte da Cidade Velha) pedindo apenas em troca o fim do conflito e o fim das constantes exigências a Israel. Arafat recusou o acordo continuando a insistir na exigência do “direito de regresso” dos refugiados de 1948 a Israel – exigência que Israel não pode aceitar em nenhum acordo de paz sob pena da sua destruição como Estado Judeu – e abandonou a cimeira. Estava já tudo preparado para o início da Segunda Intifada mal Arafat regressasse, o que foi admitido em 2001 por diversos líderes palestinianos, entre os quais Marwan Barghouti, líder do Tanzim e Imad Falouji, Ministro das Comunicações da Autoridade Palestiniana. A esperança que o início dos anos 90 tinha trazido e que já vinha a ser abalada, esboroou-se com esta decisão de Arafat e a violência que se lhe seguiu. Os Acordos de Oslo que tinham o objetivo da construção da confiança mútua preparatória para a negociação de um estatuto final, nada de novo tinham trazido para Israel e o final da década mostrava que, afinal, nada tinha sido alcançado. A concessão de “terra em troca de paz” apenas tinha encorajado os seus inimigos, o que foi confirmado por Faisal Husseini, um dos líderes palestinianos “moderados” que em 2001 confessou abertamente que Oslo era a Trojan Horse . . . just a temporary procedure . . . just a step towards something bigger. E explicou que essa coisa maior era Palestine from the river to the sea (do Jordão ao Mediterrâneo, não havendo, portanto, lugar para Israel). Oslo era, assim, apenas uma forma de ambushing the Israelis and cheating them.13 E nem a entrega da totalidade da Faixa de Gaza à Autoridade Palestiniana levada a cabo de Agosto a Setembro de 2005 teve algum efeito benéfico para Israel no objetivo pretendido da redução da violência palestiniana, muito pelo contrário. As cidades do sul de Israel começaram logo a ser bombardeadas com rockets e granadas de morteiro disparados indiscriminadamente daquele território sobre as suas populações civis, armamento esse cada vez mais mortífero na sua capacidade destruidora e de maior raio de ação.
Em 1974 a OLP tinha estabelecido um plano para a irradicação de Israel – o Plano por Fases – assim chamado por ser constituído por três fases. Numa primeira fase e através da luta armada (entenda-se terrorismo) estabelecer uma autoridade nacional sobre qualquer território “libertado” do domínio israelita; na segunda fase, continuar a luta contra Israel usando como base o território da autoridade nacional; na terceira fase, provocar uma guerra total na qual os estados árabes vizinhos de Israel o destroem completamente. Como se viu, Oslo deu à OLP autonomia, dinheiro, um exército e um território. Pelo que se passou a seguir, facilmente se constata que, para a OLP, Oslo não foi mais que a oportunidade de pôr em marcha aquele plano.
A cedência da Comunidade Internacional às constantes exigências que a Autoridade Palestiniana faz a Israel sem nada conceder, nomeadamente do Quarteto – ONU, Estados Unidos, União Europeia e Rússia – também signatários dos Acordos de Oslo como garante do seu acompanhamento e implementação, levou a que essa Autoridade Palestiniana se tenha sentido com a motivação suficiente para, de forma unilateral e completamente à revelia dos acordos firmados, submeter à ONU uma petição para aceitação do Estado da Palestina como membro de pleno direito a qual, apesar de ter falhado nesse objetivo em 2011 por não ter obtido o número suficiente de votos no Conselho de Segurança, recolheu o apoio da maioria dos países da Assembleia-Geral. E neste final do ano de 2012, nova petição está a ser preparada no sentido da obtenção de estatuto de observador. E a insistência é para que se aceite esse Estado da Palestina dentro das linhas de demarcação anteriores a 1967, o que deixaria Israel numa posição tremendamente vulnerável e ainda mais à mercê dos ataques dos seus inimigos que, em mais uma manobra de ilusão, vêm alegar que a criação do Estado Palestiniano nas condições que propõem seria um avanço no processo de paz. O que é grave não é que os Palestinianos peçam ou até exijam e sim que a Comunidade Internacional ceda de forma irracional a essas suas exigências não menos irracionais pensando que cedendo os irá apaziguar e, assim, acabar com a violência e com o conflito. Puro engano!
Entretanto, um dado surpreendentemente novo foi anunciado no mês passado. A criação de um novo partido de Árabes israelitas que irá participar nas próximas Eleições Legislativas de Janeiro de 2013 em Israel, cujos líderes já declararam que esse partido irá apoiar o Estado de Israel, cansados que estão da atuação dos deputados árabes e da sua preocupação apenas com a retórica palestiniana.14 Será isto uma lufada de ar fresco, uma verdadeira “primavera”? Uma lufada de ar fresco é com certeza! Quanto a primavera, muito ainda teremos que ver porque muito caminho ainda haverá a percorrer, não tanto pela vontade que certamente terão em levar à prática as intenções que manifestam e mais pela mentalidade árabe dominante que na sua ânsia de destruir Israel, dificilmente aceitará outra posição de representantes do seu povo.
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Notas
13 What has Israel experienced during the "Oslo Peace Process"? in Palestinefacts.org

2 comentários:

Anónimo disse...

If you remeber Arafat, you need to remeber Rabin.

João Monteiro disse...

The aim of my work is not biographical and people are mentioned only when that is important to the context and that is what I did. I can tell you, however, that there is nothing worth remembering about Arafat apart from never forgeting how big a terrorist he was and how responsible he was for all the violence against the Jewish People and Israel in spite of all what he gained with Oslo. There is, therefore, no comparison between Arafat and Rabin. Rabin was in good faith in the negotiation process although he may be criticized for all the concessions he made against nothing - after all, as I said, only Israel gave something to the PLO and the Palestinians. The PLO and the Palestinians gave nothing to Israel, only violence and death as they still do.