quinta-feira, 18 de julho de 2013

Fronteiras de 1967

Israel concordou com uma fórmula para estabelecer as futuras fronteiras com o estado palestiniano. A fórmula em causa terá como principio as fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias e obedecerá a uma troca de terras de modo a respeitar a demografia atual. Aguarda-se à reação palestiniana.

9 comentários:

João Monteiro disse...

Embora o Jerusalem Post anuncie um desmentido do porta-voz do PM em

http://www.jpost.com/Middle-East/Israel-agrees-to-peace-talks-based-on-67-lines-320250

a verdade é que vimos já anteriormente decisões incompreensíveis da parte de Israel (colocam em causa a sua segurança), na ânsia de obter a paz e, simultâneamente, de agradar ao mundo que, irracionalmente, sempre retrata Israel como intransigente. Israel deve preocupar-se em primeiro lugar com a sua segurança e do seu povo e deixar-se de cedências que sempre resultam em prejuízo para si. No final veremos, mais uma vez também, que a intransigência se verifica do lado dos 'palestinianos' que, na sua atitude de rejeição, usarão as eventuais negociações para continuarem a sua campanha de desgaste internacional de Israel, nada aceitando. Lamentavelmente, o mundo continuará cego para esta realidade e a apoiá-los e a culpar Israel pelos fracassos na obtenção de resultados. E aí está a decisão oficial da UE de boicote aos produtos fabricados na Judeia e Samaria, em Jerusalém Ocidental e nos Golan.

DL disse...

Obrigado João Monteiro

Eu ando cheio de trabalho e mal consigo acompanhar o que se passa cá, quando mais o que se passa em Israel...

Luís Lavoura disse...

Pois vamos ver se Israel concordou mesmo...
Em Israel há não poucas pessoas que são pelo "quanto mais terra, melhor". Aposto que, quando (e se) chegar a hora da verdade, Israel não aceitará largar um palmo de terra útil. Só largará (se largar) pedaços de deserto.

João Monteiro disse...

Luís Lavoura.
Há, em Israel, quem se oponha a mais cedências territoriais, o que é sinónimo do mais elementar bom senso. Para além do território ser seu por direito, cedendo, Israel cada vez se tornará mais vulnerável e à mercê daqueles que apenas o querem destruir, o que a História se tem encarregado de comprovar e o presente de o demonstrar a cada passo. No que concerne ao estigma do Israel imperialista, também aí a História o tem desmentido. Eis os factos:
- Israel não anexou a Judeia e Samaria após a estrondosa vitória na Guerra dos Seis Dias de 1967, com o objetivo de negociar o território em troca da paz;
- Israel devolveu a Península do Sinai ao Egipto após a assinatura do Tratado de Paz com aquele país em 1979. Essa devolução, para além de incluir todas as infraestruturas criadas por Israel (boa rede viária, habitações, instalações fabris, de saúde, de hotelaria e explorações agrícolas - 7.000 pessoas tiveram que ser desalojadas, principalmente da cidade de Yamit) levou a que Israel cedesse a sua única possibilidade na altura e por muitos anos, de se tornar independente a nível energético (não se sonhava com a possibilidade de reservas de gás natural e petróleo no Mediterrâneo) pois, em 1979, o campo petrolífero de Alma, no sul do Sinai, descoberto e desenvolvido por Israel, tinha-se tornado a maior fonte de energia do país, responsável pelo abastecimento de metade da sua necessidade global e cuja estimativa de exploração em função das reservas, indicava que até 1990 Israel se tornaria auto-suficiente a nível energético;
- Israel cedeu porções da Faixa de Gaza e da Judeia e Samaria à Autoridade Palestiniana em 1995 após a assinatura dos acordos de Oslo, a troco de nada, como posteriormente se viu - apenas recebeu violência;
- Israel propôs aos Palestinianos a criação de um estado em 2000 com mais cedências territoriais, o que foi recusado por Yasser Arafat. Seguiu-se nova Intifada;
- Israel cedeu unilateralmente a totalidade da Faixa de Gaza à AP em 2005, e apenas recebeu em troca mais violência.

Absurdo disse...

Pode-se ser pró israelita e não desvirtuar a realidade.
É evidente que os 6 Dias foram um enorme vitória, mas também o início de um enorme problema para Israel, para além do início da queda em desgraça na opinião pública internacional.
O regresso às linhas de fronteria internacionalmente aceites - mesmo pelos países amigos - nunca foi uma opção seriamente adotada pelos governos israelitas. Os retalhos que foi concedendo à AP inviabilizam a existência de um Estado palestiniano.
A saída de Gaza não foi uma benesse, antes a fuga de um vespeiro, tal como aconteceu no sul do Líbano.
A contínua construção de colonatos em território da Judeia e Samaria fragiliza os moderados seculares e alimenta os radicais fundamentalistas do Hamas.
O exemplo de Yamit foi o pior para quem quer defender Israel. O comportamento do Ariel Sharon foi, uma vez mais, de insubordinação, demolindo a localidade. Pelas infraestruturas e edifícios, Israel iria receber uma compensação paga pelo Egipto.
Ao contrário dos restantes países, Israel faz sentido como país enquanto mantiver a sua natureza judaica e por causa desta. Natureza que fica em perigo com os diferentes índices demográficos de judeus e muçulmanos. Acaba por ser do maior interesse de Israel a definitiva divisão em dois países, limitando a minoria árabe ao mínimo possível.

João Monteiro disse...

Caro "Absurdo":
Mas que realidade foi desvirtuada? E que linhas de fronteira internacionalmente aceites é que existiam? O Plano de Partilha da AG da ONU de 1947, aceite por Israel apesar da retirada de todo o território que já lhe havia sido reconhecido pelo Direito Internacional, como já referi (ver o meu artigo "Israel, a Comunidade Internacional e a paz com os Árabes" neste blog) nunca foi aceite pelos Árabes que, em 1948 invadiram Israel. Do cessar-fogo assinado em 1949, foram criadas as "fronteiras" anteriores a 1967 que apontavam para um tratado de paz com os Árabes. Estes nunca o aceitaram! Pelo contrário, provocaram a Guerra dos Seis Dias que levou Israel a um maior ganho de território. Em 1973, na Guerra do Yom Kippur, Israel viu-se confrontado com novo ataque dos Árabes para o destruírem. Mas apesar de todo o historial de agressões sofridas, a verdade é que Israel devolveu território após a assinatura do Tratado de Paz com o Egipto.
Quanto a Yamit, há várias versões e interpretações para o que aconteceu à cidade após a assinatura do Tratado de Paz, uma das quais defende que a cidade foi destruída para que os seus habitantes israelitas não se sentissem tentados a regressarem e, assim, novos confrontos surgissem como o Egipto. Apenas referi Yamit, para realçar que quando Israel abandonou o Sinai, o seu povo teve que ser também retirado, aliás, uma imposição dos egípcios que não aceitavam a devolução do território com os seus habitantes judeus.
Esta sempre foi e continua a ser uma imposição árabe pois, ainda hoje, responsáveis da Autoridade Palestiniana, incluindo o seu presidente, afirmam que um estado palestiniano que venha a existir não terá qualquer judeu como habitante (e Israel é que é estado de apartheid, racista e xenófobo - viu-se como, após a retirada da Faixa de Gaza deixada intacta por Israel, todas as habitações e sinagogas israelitas foram destruídas pelos palestinianos).
Quanto a essa retirada, nunca referi que se tratasse de uma benesse de Israel mas foi mais uma oportunidade que a Autoridade Palestiniana aproveitaria se fosse séria e se verdadeiramente quisesse a paz (era um dos territórios reclamados para a criação do dito estado palestiniano). A questão da construção de "colonatos" na Judeia e Samaria é, mais uma vez, pretexto para os palestinianos, que o mundo ocidental do "politicamente correto" acompanha, como sendo obstáculo para a paz. Não é! Israel continua a construir na "Área C" que ficou determinada nos Acordos de Oslo como território que seria sempre de Israel na assinatura de um futuro acordo definitivo de paz com os palestinianos.
Há muito que Israel vem dando provas de que quer a criação de um estado palestiniano, desde que não seja posta em causa a sua segurança. Mas a cada passo os palestinianos se encarregam de demonstrar por palavras e por atos que a existência de Israel não faz parte da equação da paz!
Insisto no que já referi: as negociações de paz serão mais um pretexto para os palestinianos continuarem a sua campanha internacional contra Israel. Não é preciso ser-se muito inteligente: basta ouvi-los porque eles querem mesmo dizer aquilo que efetivamente dizem. Nós é que, querendo enquadrá-los no nosso "wishful thinking", não queremos acreditar nas atrocidades que os ouvimos proferir.

Absurdo disse...

Caro João Monteiro,

As fronteiras internacionalmente reconhecidas são, bem ou mal, as de 1967, como bem sabe.

A área C dos acordos de Oslo II é de cerca de 2/3 da Faixa de Gaza e não, não é "território que seria sempre de Israel".

Não sei se tenta enganar a si próprio ou a outrem, mas creia que não vale a pena. Deixe isso para outros.

Julgo que estas fontes não serão propriamente suspeitas:

http://www.mfa.gov.il/mfa/foreignpolicy/peace/guide/pages/the%20israeli-palestinian%20interim%20agreement.aspx

http://www.haaretz.com/print-edition/news/west-bank-outposts-spreading-into-area-b-in-violation-of-oslo-accords-1.413390

Absurdo disse...

Caro João Monteiro,
dispenso-me de lhe dizer quais são as fronteiras internacionalmente aceites: sabe bem quais são.

A área C da Faixa de Gaza é de cerca de 2/3 da mesma e não, não é "território que seria sempre de Israel".

Não sei se se tenta enganar a si próprio ou a outrem, mas, creia, não vale a pena. Deixe isso para outros.

Julgo que não verá estas fontes como suspeitas:

http://www.mfa.gov.il/mfa/foreignpolicy/peace/guide/pages/the%20israeli-palestinian%20interim%20agreement.aspx

http://www.haaretz.com/print-edition/news/west-bank-outposts-spreading-into-area-b-in-violation-of-oslo-accords-1.413390

João Monteiro disse...

Caro Absurdo.
Alguma confusão vai nos seus comentários:
- Sobre as "fronteiras internacionalmente aceites", dispenso-me a acrescentar mais ao que já referi;
- A Área C não é na Faixa de Gaza e sim na Judeia e Samaria (vulgo, Margem Ocidental);
- O artigo do Haaretz é sobre a Área B. As construções referidas não são patrocinadas pelo Estado de Israel.
Sobre os acordos assinados, p. f. leia:
http://www.mythsandfacts.org/article_view.asp?articleID=257
Não é por os "palestinianos" "berrarem" mais e mais alto que têm mais razão! Lamentavelmente, o mundo ocidental, na sua cegueira, dá razão a cada "berro" que eles dão...