A
abordagem sionista em relação à cidade de Jerusalém não foi completamente
linear ao longo do tempo, oscilando entre o sentimento religioso, a relativa
ambiguidade, a pretensão a possuir a cidade ou parte dela, a disposição para a
partilha, a disposição para a internacionalização e a recusa da partilha.
Se
durante o período do pré-sionismo político Jerusalém tinha um papel central
para os Judeus da Diáspora, consequência natural do sionismo religioso não
organizado. Com o surgimento do sionismo político a situação alterou-se: os
primeiros dirigentes sionistas não deram particular atenção a Jerusalém.
Só
no início da Primeira Guerra Mundial o movimento sionista começou a enveredar esforços
no sentido de ter alguma posse da cidade, começando nessa altura a existir a
preocupação de tornar Jerusalém uma cidade judaica moderna, de acordo com os
princípios seculares e progressistas dos principais dirigentes sionistas. Tais
preocupações continuaram no período pós Declaração Balfour e início do Mandato
Britânico. Em 1929, com o surgimento de conflitos com os árabes, a cidade de
Jerusalém ganha importância junto dos sionistas, não só devido ao facto de existirem
disputas em torno dos Lugares Sagrados, mas também devido a um maior pluralismo
no movimento sionista, que passou a integrar o Sionismo Revisionista – mais
reivindicativo em relação a Jerusalém.
Em
1937, na sequência das propostas da Comissão Peel, e da consequente
possibilidade de ficarem sem Jerusalém, os sionistas admitem pela primeira vez
a partilha da Cidade Santa. Essa partilha indicia, no entanto, uma preferência
pelos locais modernos de Jerusalém, em detrimento dos mais antigos e Sagrados. Facto
que estava ainda relacionado com a ideologia dominante no sionismo – o
socialismo.
Pela
força das circunstâncias decorrentes do Plano de Partilha de 1947 os sionistas
são forçados a aceitarem a internacionalização de Jerusalém. Com o eclodir da
Guerra da Independência e a incapacidade da ONU em tomar posse da cidade, o
estatuto de Jerusalém passa do plano político para o plano militar e Israel faz
enormes esforços no sentido de conseguir ficar pelo menos com a parte judaica
da cidade. É esse o desfecho da guerra de 1948: Jerusalém é dividida e Israel
faz na parte Ocidental a sua capital.
Depois
da Guerra dos Seis Dias, Israel conquista toda a cidade de Jerusalém, facto que
mudaria a postura dos israelitas em relação à cidade. Israel passa a defender
abertamente a posse da totalidade de Jerusalém e consagra esse princípio numa
Lei Básica em 1980.
Mais
de uma década depois, em 1993, e no contexto dos Acordos de Oslo, os dirigentes
israelitas admitem pela primeira vez desde 1967 a partilha da cidade com os
palestinianos. Tal hipótese voltaria a ser admitida no ano 2000. Em ambas as
vezes a ideia da partilha provocou profundas divergências internas entre a
direita e a esquerda israelita.
O
falhanço dos Acordos de Oslo e das conversações posteriores, provocam uma nova
viragem na perspetiva israelita, com as ideias da direita a vingarem e a
generalidade dos israelitas a oporem-se à partilha da cidade. É essa
basicamente a situação atual.
Sem comentários:
Enviar um comentário