É com um enorme atraso que escrevo as atas das décima quarta, quinta e sexta aulas de Hebraico. Tamanho é o atraso que me vejo obrigado a juntá-las numa só. Atente-se então que, na segunda metade do curso, a maior parte das atas foram emparelhadas. Constatação que deve contrariar o espanto daquele que ainda se surpreende por estas três atas chegarem de uma assentada.
Posso aceitar o espanto por estas atas não estarem a ser escritas de Dublin, mas sim do centro de uma cidade chamada Katowice. Mas não posso aceitar o espanto por estar a escrevê-las num restaurante de estilo americano e onde se comem pizzas italianas e se bebe cerveja local - há muito que se pode encontrar de tudo em qualquer parte do mundo e que as iguarias deram lugar às confrarias da globalização.
Quanto a mim, no dia da décima quarta aula de Hebraico, encontrava-me mal, deprimido tal com a minha vida em Dublin, que não encontrei saída ou solução senão o fazer as malas. Na época - que é como quem diz, para o efeito - funcionou. Nas aulas seguintes, encontrei-me de ânimo abençoado. Assim como me encontrei a sós com o professor Yossi, pois os coleguinhas anglo-saxónicos e afins cansaram-se do curso e nem se dignaram a dar uma desculpa para desaparecerem do mapa.
Já lá dizia o saber popular Português: só fazem falta os que cá estão. Eu que o diga, isolado na Silésia, sem os meus amigos, incluindo a comunidade judaica que compareceu na minha despedida de Dublin. Incluindo o professor Yossi a comer asinhas de frango sorrateiramente - ou no tanto que lhe é permitido ser sorrateiro.