Não há falta de opiniões quando se trata de questões relativas ao médio oriente, e os acontecimentos recentes em Gaza confirmam isto. Uma minoria de especialistas em Médio Oriente têm defendido a solução de um só estado, que minaria a legitimidade e o direito reconhecido internacionalmente de Israel a existir, como estado judeu soberano na terra dos meus antepassados. Testemunhando pessoalmente o admirável progresso realizado pela Autoridade Palestiniana nos últimos anos, julgo que uma solução de dois estados não só é a melhor solução para este conflito antigo, como é uma solução que está ao nosso alcance. A solução de um estado tem erros intrinsecos que não têm solução alguma. Partindo da perspectiva de Israel, não é possível para o povo judeu aceitar um acordo que signifique o fim da existência do estado judeu. Partindo da perspectiva palestiniana, não deve ser negada a oportunidade de tomar o seu destino nacional . Descretentes da solução de dois estados defendem - não sem alguma razão - que a Faixa de Gaza e a Cisjordânia são pequenas de mais para absorver os refugiados palestinianos. Mas isso também seria o caso da solução de um estado de 24 mil quilómetros quadrados, que está a transbordar com 10 milhões de habitantes (5,5 milhões de judeus e 4,5 milhões de árabes). Mas se os cépticos poderiam questionar o tamanho da Cisjordânia e de Gaza, os optimistas não precisariam de olhar para além de Singapura para ter a sua confiança restablecida. A área da Cisjordânia e de Gaza é nove vezes do tamanho de Singapura. Não obstante a população combinada das duas regiões é menor que a de Singapura. Este país do sudoeste asiático goza de um dos maiores padrões de vida do mundo. Temos esperança que o palestinianos sejam capazes de fazer o mesmo, e continuaremos a trabalhar sem descanso, com os nossos companheiros na mesa das negociaçoões, para estabelecer um estado palestiniano autónomo, onde a população estabeleça uma economia aberta, baseada na ciência, na tecnologia e nos benefícios da paz. O estabelecimento de um país multinacional, é um caminho ténue que não é um bom preságio para a paz, ao contrário disso, reforça a prepétuação do conflito. O Líbano, tomado pela violência sectária e a pela instabilidade, representa só um dos muitos exemplos de uma indesejável situação. As dificuldades de uma solução de dois estados são numerosas, mas permanencem como sendo a única fórmula moral e realista para terminar o conflito Israel-Palestina. Os que não estão comprometidos com esta solução, argumentam que a criação de um estado palestiniano fará a "cintura" de Israel ficar muito estreita - cerca de 10 km - para assegurar a segurança dos seus cidadãos. Realmente, 10 km seria muito estreito para garantil total segurança. O que só reforça a nossa crença de que a segurança de Israel não está só relacionada com a sua defesa territorial, mas também com a paz. A paz providência a amplitude da segurança, mesmo quando a cintura for estreita. No mês passado, o líder líbio Muammar Kaddafi esboçou as suas sugestões para uma solução de um só estado. Apesar de discordar dessa fórmula, estou encorajado pela maneira como ele a explica e constrói. É de salientar a sua premisa fundamental e central de que: "O povo judeu quer e merece a súa patria". A ressonância destas palavras é crucial, pois elas opõem-se aos elementos islâmicos radicais que rejeitam o direito do povo judeu em ter a súa patria na terra de seus antepassados e, com base nisto, defendem uma "jihad" assassina, cujo objectivo é destruír Israel. O povo judeu deseja e merece viver em paz, na sua terra natal por direito e historia. O povo palestiniano deseja e merece a súa propia patria, as suas proprias instituições políticas e o seu direito à autodeterminação. É vital que esta causa esteja baseada no projecto de coexistência entre judeus e árabes, e que se traduza em cooperacão nas áreas da economía, turismo, meio ambiente e defensa. A obtencão de tudo isto só será possível garantindo a cada povo o seu estado e fronteiras, para permitir que os seus cidadãos rezem de acordo com a sua fé, cultivem as suas culturas, falem as suas próprias línguas e guardem as suas heranças. Faremos o nosso maior esforço para permitir que estes dois estados floresçam. Talvez um día, israelitas e palestinianos escolham, como na Europa, não permitir que as fronteiras limitem a cooperação económica ou sirvam de razão para a guerra.
Publicado no Jornal The Washington Post a 10 de Fevereiro de 2009