sábado, 11 de abril de 2009

Opinionite aguda

Não há nada que se passe em Portugal sem que o deputado poeta Manuel Alegre dê uma opinião ou comentário. Estes ataques de opinionite aguda podem ter várias leituras. Do lado do poeta, a necessidade de ter constantemente o "boneco a mexer", para dessa forma, ir gerindo aquilo que ele julga ser o seu eleitorado (1 milhão de cruzinhas). Do lado dos média, julga-se que aquilo que Manuel Alegre diz tem audiência, e por isso o citam e publicam.
Os jornais e as televisões não citam e não dizem o que os outros 229 deputados pensam das saias e dos perfumes das funcionárias das lojas do cidadão. Por que é que Manuel Alegre é mais que os outros? O facto de ser um poeta medíocre e de ser deputado desde sempre, não valida a opinião dele em relação à dos outros 229. Mas, no entanto, ninguém liga ao que dizem os outros deputados. Estes dois factos têm uma simples explicação, fazem parte do circo mediático que governa a vida portuguesa, onde só conta o que é vistoso e faz barulho. Manuel Alegre tem essas duas características.
Em relação ao assunto em questão, o deputado alega que a medida aplicada em relação a indumentária das funcionárias da Loja do Cidadão de Faro “é uma coisa de cariz fascizante, totalitário, contra a liberdade individual”, e que “estas coisas são sinais” e “multiplicam-se estes sinais”. Por isso, “tem que ser levado a sério” e “imediatamente revogado”.
Para além da cassete do costume, de chamar fascista a tudo o que não é do respectivo agrado (deve ser por estar ai chegar o 25 de Abril), o sr deputado deveria explicar qual é o limite do vestuário que não vai contra "a liberdade individual". E se acha que aparecer no local de trabalho de chinelos e de fio dental (ou sem roupa) é aceitável e faz parte daquilo a que chama tão pomposamente de "liberdade individual". Manuel Alegre finge que ainda não percebeu, que uma coisa é a rua e a vida privada de cada um, e outra coisa é aquilo que é público e é um local de trabalho. Finge, porque lhe dá jeito, porque julga que com frases destas acena ao eleitorado que anda de chinelas e de umbigo à mostra.

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