segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Partido Kadima rejeita entrada no governo

O Partido Kadima rejeitou por unanimidade a proposta de Benjamin Netanyahu para se juntar à coligação governamental. O partido considerou a proposta arrogante e acusou o primeiro-ministro de falta de honestidade.
A proposta de Netanyahu tinha claramente como propósitos cindir o maior partido israelita, e depois enfraquecer a parte que entrasse no governo. Aparentemente teve o efeito contrário: não só o Partido Kadima se uniu em torno da rejeição da proposta, como dentro do Partido Likud já há quem se demarque de Netanyahu. É o caso de Michael Eitan, que declarou que este tipo de manobras não fazem sentido e não são saudáveis, nem para o Estado de Israel, nem para a democracia.
Depois de ter visto a sua posição favorecida, devido a tentativa de emissão de um mandato de captura por parte de um juiz inglês, Tzipi Livni saiu mais uma vez reforçada ao conseguir fazer frente a mais um ataque que visava a divisão do seu partido. Tal feito, reforça-a não só perante o país, mas também perante os adversários internos, como é o caso de Shaul Mofaz, número dois do Kadima.

6 comentários:

Cirrus disse...

Era a única atitude lógica a tomar. Muito bem!

DL disse...

Sim, também fiquei satisfeito com a decisão.

Jenna J disse...

Se Israel é assim tão bom como relatas neste site, porque não vais para lá? Já agora, porque não vão todos os sionistas para lá? Fica o meu convite!

Feliz Natal...

DL disse...

Cara Jenna

Eu vou para onde eu bem quiser. Essa sua sugestão é do mais básico que tenho lido.
Espero é que a Jenna não seja daquelas pessoas que bradam constantemente 2 frases contraditórias:

"sionistas para Israel!"
"sionistas fora da Palestina!"

Feliz Natal também para si. Apareça sempre.

Renato Bento disse...

O Kadima, desde o desaparecimento político de Sharon que tem a sua morte anunciada. O partido só tem conseguido sobreviver à custa das crescentes perdas do Labour, e não à custa de votantes no Likud, apesar de a maioria dos seus membros serem antigos membros do Likud.

O problema aqui é óbvio: enquanto no eleitorado existe uma clara tendência para o Kadima ganhar votos à esquerda e ser puxado por isso para a esquerda, os seus membros e militantes são na maioria antigos membros do Likud e, portanto, ligados à direita (quer religiosa, quer liberal-económica). Netanyahu e toda a elite do Likud sabe disto e vai tentar que os MKs que sempre estiveram mais próximos do Likud retornem à base. Aliás, já o tentam há muito tempo, as coisas não surgiram agora do nada: aquilo que o Likud e Netanyahu estão a tentar fazer é aproveitar a ausência de liderança e contestação interna dentro do Kadima, algo que já era aliás evidente quando o partido era comandado por Olmert.

Já há pelo menos um MK que anunciou que sairá do Kadima, sendo o mais provável que se junte ao Likud. Isto porque, segundo as suas palavras, Livni o tinha traído, pois tinha levado o partido demasiado para a esquerda. Segundo ele, o Kadima tornou-se no partido da elite de Tel-Aviv, tendo vindo a perder importância nas zonas pouco e mediamente povoadas.

A questão é óbvia e não há volta a dar. Até Mofaz já veio dizer que as primárias do Kadima, que foram ganhas por meia dúzia de votos por Livni, foram fraudulentas. O curioso é que Livni apenas ganhou essas eleições graças ao MK que agora anunciou abandonar o partido, MK que é bastante conhecido em algumas zonas menos povoadas de Israel.

Livni esteve numa encruzilhada política desde o resultado das ultimas eleições: entre as pressões mais à esquerda do seu eleitorado para que constituisse oposição e as pressões dentro do seu partido para que se juntasse a Netanyahu, um aliado natural. Livni não soube lidar com a questão, nem a soube explicar aos seus companheiros de partido. A sua ausência de liderança levou a que o Likud, apercebendo-se das suas fraquezas, piscasse o olho aos MKs que se sentem naturalmente chegados a Netanyahu, cujas políticas vão mais ao encontro daquilo que verdadeiramente pensam.

Veja que até os filhos de Sharon já afirmaram publicamente que apoiariam as decisões dos MKs que abandonassem o Kadima para se juntar ao Likud. Dá bem para ver o caminho que Livni está a querer dar ao partido: esquerda. O Kadima vai ficar sem quadros dentro de 1, 2 anos. É uma questão de tempo.

Quanto à proposta de Netanyahu, considerava-a a única forma de Tzipi Livni salvar o partido da cisão. Muitos MKs vão certamente anunciar a cisão com o partido, enquanto que muitos militantes que saíram do Likud com Sharon voltaram também à sua verdadeira casa: o Likud. Mais uma vez, a decisão de Livni não foi inteligente.

O partido não rejeitou por unanimidade coisissima nenhuma. Quem rejeitou por unanimidade foi a franja do partido que tem efectivamente poder, afecta a Livni. Mofaz tem sido alienado, tal como muitos outros. A situação é incomportável. E, quando Livni ficar sozinha com os seus amigos o partido desaparecerá: o MK e os filhos de Sharon já deram o mote, Mofaz será provavelmente uma questão de tempo.

Renato Bento disse...

(continuação)

Quanto à arrogância e à falta de honestidade de Netanyahu, até me admirava que as palavras fossem outras. Tipíco de quem está na oposição. Pena que esta não seja a opinião dos Israelitas, que parecem estar até agora bastante agradados com a prestação sábia, serena e inteligente de Netanyahu quer a nível interno quer a nível externo. Há-de reparar que as querelas dentro do governo surgem não nas pastas ou membros do Likud, mas nas pastas e membros de outros partidos.

O objectivo de Netanyahu não é acabar com o Kadima. Ele sabe perfeitamente que a sobrevivência do Kadima será ditada por uma única coisa: a capacidade de manutenção do Labour. Porque à direita o Kadima não tem simplesmente hipóteses: com o fortalecimento do já forte e bem estabelecido Likud, com o papel enorme e crescente do Israel Beiteinu e com os sempre importantes partidos religiosos não há espaço para o Kadima vir aqui buscar votos. Só tem um sítio onde os ir buscar: ao Labour.

Quanto à falta de unidade do Likud, acho extremamente engraçado que as cite, quando vemos o estado de ruína em que se encontra o Kadima. Mas existe realmente um problema dentro do Likud, apesar de não ser de crítica à esquerda de Netanyahu mas sim à direita de Netanyahu: esta facção é representa por Feiglin.

Quanto ao fortalecimento de Livni, não sei de onde depreende a existência de tal fortalecimento. Talvez me possa explicar, se assim o entender.