A
atitude do movimento sionista em relação a Jerusalém começou a mudar no
início da Primeira Guerra Mundial. Em 1914 a Organização Sionista Mundial mudou
o Escritório Sionista (também conhecido Eretez Yisrael Office) de Jaffa para
Jerusalém. A transferência da sede
sionista para Jerusalém indicia que por esta altura o movimento sionista já pretendia
a posse da cidade e lhe conferia um estatuto de capital, embora ainda não o
afirmasse de forma explícita. O facto de Jerusalém ser o maior núcleo
populacional judaico em todo o território da Palestina não terá sido também alheio
a esta mudança.
Na sequência da declaração Balfour (1917), na qual o Governo Britânico se declarou favorável ao estabelecimento na Palestina de um Lar Nacional para o Povo Judeu, é criada a Comissão Sionista para a Palestina (1918), que à semelhança do sucedido com o Escritório Sionista, também se instalou em Jerusalém. O seu presidente, Chaim Weizmann, passou a assim a residir na cidade, sendo o primeiro grande dirigente sionista viver permanentemente na Palestina e particularmente em Jerusalém. Weizmann ficou impressionando com estado da cidade e com as condições em vivia a população judaica.
A mudança física, e já ideológica, para Jerusalém, foi possível não só pelo quadro criado pela Declaração Balfour – que para além do reconhecimento do direito a uma Lar Nacional na Palestina, permitia a criação de instituições nacionais judaicas – mas também pelo facto de a Grã-Bretanha ter conquistado a Cidade Santa em finais de 1917. A conquista de Jerusalém transferiu para a cidade a sede do poder na Palestina, acrescentado importância política à importância religiosa9.
Chaim Weizmann foi um dos grandes impulsionadores da mudança de atitude do movimento sionista em relação a Jerusalém, porque percebeu melhor do que Herlz e outros dirigentes seculares, a importância de Jerusalém e a forte ligação existente entre os judeus e a cidade. Weizmann sempre entendeu que era importante fortalecer essa ligação e bateu-se ao longo de sucessivos congressos sionistas por um projeto que viria a influenciar a abordagem do movimento sionista face a Jerusalém: o da criação de uma universidade hebraica no território da Palestina.
A ideia de criar uma Universidade judaica na Palestina já existia desde o início do século XX e rapidamente passou a fazer parte do pensamento dos sionistas. As discussões que originou dentro do movimento sionista, sobre a sua necessidade e localização, influenciaram a mudança de atitude dos dirigentes sionistas face à cidade de Jerusalém. Em 1914 dá-se um importante passo quando apoiantes do plano de criação da universidade hebraica conseguem a opção de compra de um terreno no monte Scopus em Jerusalém, adquirindo assim a primeira parcela de terreno para a Universidade Judaica em Jerusalém10. A transação só viria no entanto a acorrer em Janeiro de 1918, após a Declaração Balfour e a conquista britânica de Jerusalém.
O processo de construção da Universidade decorreu entre 1918 e 1925 e esteve relacionado com o reconhecimento gradual da importância de Jerusalém. Com uma Universidade daquela dimensão Jerusalém tornou-se mais judaica e ao mesmo tempo mais secular e moderna – facto que foi de encontro às características dos líderes sionistas mais reticentes em relação à cidade. Não foi por acaso que em 1919 a Comissão Sionista reivindicava já uma parcela de território para a estabelecimento do Lar Nacional Judaico que se estendia pelas duas margens do rio Jordão e na qual Jerusalém configurava11.
Em 1919 e 1920 Jerusalém passou a ser uma preocupação da Comissão Sionista e do seu novo presidente, Menachem Ussishkin. Ussishkin receava o isolamento dos judeus de Jerusalém se não se estabelecessem uma série de colónias judaicas entre Jerusalém e a costa. Assim, a colonização desta zona, que viria ser conhecida como o Corredor de Jerusalém, tornou-se numa das prioridades da Comissão Sionista12 e demonstra que no início dos anos 20 já era ideia dos sionistas integrar Jerusalém no futuro Lar Nacional Judaico.
Em 1921 o 12º Congresso Sionista decidiu criar um Executivo Sionista que substituiu a Comissão Sionista, e manteve-o em Jerusalém. Um ano depois, em 1922, a Liga das Nações confere aos britânicos um mandato para administrarem a Palestina e confirma a promessa britânica de criação de um Lar Nacional Judaico na Palestina. A Liga da Nações aceita também a criação de uma Agência Judaica para servir de autoridade à população judaica da Palestina. O Mandato Britânico, como ficou conhecido, é estabelecido em 1923 e fez de Jerusalém a sua capital. Devido à falta de meios a Agência Judaica só seria formada em 1929, pelo que na prática, e até essa data, a autoridade para os judeus na Palestina continua a ser exercida o Executivo Sionista. A Agência Judaica, uma vez formada, estabeleceu-se também em Jerusalém.
Apesar de todos estes eventos terem contribuído para uma mudança de atitude em relação a Jerusalém, o Executivo Sionista ainda era algo ambíguo em relação à totalidade da cidade, continuando a preferir as zonas mais novas, principalmente no oeste, em detrimento dos locais históricos e sagrados e dos habitados maioritariamente por judeus sefarditas pobres que eram completamente desligados da ideologia dominante no movimento sionista13.
_________________________________Na sequência da declaração Balfour (1917), na qual o Governo Britânico se declarou favorável ao estabelecimento na Palestina de um Lar Nacional para o Povo Judeu, é criada a Comissão Sionista para a Palestina (1918), que à semelhança do sucedido com o Escritório Sionista, também se instalou em Jerusalém. O seu presidente, Chaim Weizmann, passou a assim a residir na cidade, sendo o primeiro grande dirigente sionista viver permanentemente na Palestina e particularmente em Jerusalém. Weizmann ficou impressionando com estado da cidade e com as condições em vivia a população judaica.
A mudança física, e já ideológica, para Jerusalém, foi possível não só pelo quadro criado pela Declaração Balfour – que para além do reconhecimento do direito a uma Lar Nacional na Palestina, permitia a criação de instituições nacionais judaicas – mas também pelo facto de a Grã-Bretanha ter conquistado a Cidade Santa em finais de 1917. A conquista de Jerusalém transferiu para a cidade a sede do poder na Palestina, acrescentado importância política à importância religiosa9.
Chaim Weizmann foi um dos grandes impulsionadores da mudança de atitude do movimento sionista em relação a Jerusalém, porque percebeu melhor do que Herlz e outros dirigentes seculares, a importância de Jerusalém e a forte ligação existente entre os judeus e a cidade. Weizmann sempre entendeu que era importante fortalecer essa ligação e bateu-se ao longo de sucessivos congressos sionistas por um projeto que viria a influenciar a abordagem do movimento sionista face a Jerusalém: o da criação de uma universidade hebraica no território da Palestina.
A ideia de criar uma Universidade judaica na Palestina já existia desde o início do século XX e rapidamente passou a fazer parte do pensamento dos sionistas. As discussões que originou dentro do movimento sionista, sobre a sua necessidade e localização, influenciaram a mudança de atitude dos dirigentes sionistas face à cidade de Jerusalém. Em 1914 dá-se um importante passo quando apoiantes do plano de criação da universidade hebraica conseguem a opção de compra de um terreno no monte Scopus em Jerusalém, adquirindo assim a primeira parcela de terreno para a Universidade Judaica em Jerusalém10. A transação só viria no entanto a acorrer em Janeiro de 1918, após a Declaração Balfour e a conquista britânica de Jerusalém.
O processo de construção da Universidade decorreu entre 1918 e 1925 e esteve relacionado com o reconhecimento gradual da importância de Jerusalém. Com uma Universidade daquela dimensão Jerusalém tornou-se mais judaica e ao mesmo tempo mais secular e moderna – facto que foi de encontro às características dos líderes sionistas mais reticentes em relação à cidade. Não foi por acaso que em 1919 a Comissão Sionista reivindicava já uma parcela de território para a estabelecimento do Lar Nacional Judaico que se estendia pelas duas margens do rio Jordão e na qual Jerusalém configurava11.
Em 1919 e 1920 Jerusalém passou a ser uma preocupação da Comissão Sionista e do seu novo presidente, Menachem Ussishkin. Ussishkin receava o isolamento dos judeus de Jerusalém se não se estabelecessem uma série de colónias judaicas entre Jerusalém e a costa. Assim, a colonização desta zona, que viria ser conhecida como o Corredor de Jerusalém, tornou-se numa das prioridades da Comissão Sionista12 e demonstra que no início dos anos 20 já era ideia dos sionistas integrar Jerusalém no futuro Lar Nacional Judaico.
Em 1921 o 12º Congresso Sionista decidiu criar um Executivo Sionista que substituiu a Comissão Sionista, e manteve-o em Jerusalém. Um ano depois, em 1922, a Liga das Nações confere aos britânicos um mandato para administrarem a Palestina e confirma a promessa britânica de criação de um Lar Nacional Judaico na Palestina. A Liga da Nações aceita também a criação de uma Agência Judaica para servir de autoridade à população judaica da Palestina. O Mandato Britânico, como ficou conhecido, é estabelecido em 1923 e fez de Jerusalém a sua capital. Devido à falta de meios a Agência Judaica só seria formada em 1929, pelo que na prática, e até essa data, a autoridade para os judeus na Palestina continua a ser exercida o Executivo Sionista. A Agência Judaica, uma vez formada, estabeleceu-se também em Jerusalém.
Apesar de todos estes eventos terem contribuído para uma mudança de atitude em relação a Jerusalém, o Executivo Sionista ainda era algo ambíguo em relação à totalidade da cidade, continuando a preferir as zonas mais novas, principalmente no oeste, em detrimento dos locais históricos e sagrados e dos habitados maioritariamente por judeus sefarditas pobres que eram completamente desligados da ideologia dominante no movimento sionista13.
Notas
9 – MONTEFIORE, Simon Sebag, Jerusalém, a biografia, p.457,458.
PARTE 1, PARTE 2
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