terça-feira, 2 de outubro de 2012

Moral esquerdista

Chamar "filho de uma meretriz" ao primeiro-ministro é aceitável e não pode dar direito a processo disciplinar porque lembra os tempos do fássismo, mas chamar "ignorantes" aos empresários é completamente proibido e por isso o consultor que proferiu tal coisa deve ser despedido. E depois ainda dizem que a esquerda não domina a agenda moralisto-mediática.

7 comentários:

Cirrus disse...

O Borges está a ser alvo de processo disciplinar?

RioD'oiro disse...

Caro Cirrus,

Só pelos que enfiaram a carapuça. No caso do estudante, parece não haver dúvidas a que 1º ministro ele se dirigia.

Já agora, uma boa parte, provavelmente a maioria dos empresários que ainda restam, são, de facto, ignorantes. De espantar seria se os ignorantes fossem os primeiros a procurar melhores paragens.

São os que temos e, infelizmente, é com eles que, de momento, teremos que nos aguentar. De momento e no futuro previsível.

Cirrus disse...

Não ponho em causa o epíteto com que Borges decidiu brindar os empresários. Como em todo o lado, deve haver empresários bons e outros que, pelo menos, serão ignorantes.
O problema é que quando se compara um protesto de um estudante dirigido ao Primeiro Ministro com uma afirmação de um membro do Governo - é o que Borges é - está confundir-se insultos de alguém que elegeu com insultos de alguém que foi eleito. Não sei se está a ver bem a diferença...

Quanto ao serem os ignorantes a procurar primeiro outras paragens, de facto é verdade. Eles há muito que procuraram novas paragens em países baixos. Não só é de espantar, como real...

RioD'oiro disse...

Haverá empresários bons mas suponho que os maus orbitam muito mais o governo que os bons que apenas querem ver o estado à distância. Justamente os empresários protestadores, neste caso representantes de empresários ou empresários conhecidos por andarem às turras com o governo (volto a dizer que os melhores tendem a manter-se afastado do governo), foram o alvo de Borges (pelo menos pareceu-me).

Uma das doenças de que enferma a política portuguesa é o não se chamar os bois pelos nomes e, de tal forma, que a um ignorante se diz que terá sido vítima de uma falha de informação. Os disparates dos empresários de orbitam o poder por uma razão ou outra choveram a catadupas. Nem o gajo do Pingo Doce foi capaz de não debitar uma enormidade.

Insultar alguém que foi eleito (foi dirigido incontornavelmente a uma pessoas/personalidade e não a um grupo vago) é muito grave quando insultado no desempenho da missão e, ainda por cima, invocando 'razões' que nada têm de política (FdP). Mais, o insulto ocorreu dentro de uma escola arrastando-a na habilidade. Poderia ser processado e seria certamente condenado. Poderia ser processado até mela mãe de Passos Coelho.

Já agora, o jornalista devia ter sido despedido por insistir em gravar a cara do polícia e não o incidente propriamente dito. Já agora, os colegas do jornalista (colegas da mesma TVI) trataram logo de divulgar fotos indicando com setas a cara do polícia.

Cirrus disse...

Caro, não sei que insulto o aluno lançou ao primeiro ministro. Aliás, ninguém sabe muito bem, e por mais que procure na imprensa, ainda não vi que tenha sido esse.
A função de primeiro ministro, como a própria palavra significa, é a de primeiro servidor. É uma função que, concordo, por si só não é de forma alguma merecedora de insultos, tenham sido eles de FdP ou outros quaisquer. Mas a questão permanece: e o que vão fazer ao aluno? Expulsá-lo? Prendê-lo? Então provavelmente vão ter de expulsar ou prender 90% dos portugueses...
Quanto ao jornalista e filmar a caro do polícia, essa é de bradar aos céus! Aquela cara aparece SEMPRE ao lado ou à frente do primeiro ministro vá onde for! Já foi fotografada e filmada centenas de vezes! E não duvido que seja polícia, penso que é segurança.

E uma última coisa: o polícia, ou segurança, não podia deter ou identificar o jovem dentro das instalações da universidade. Não que concorde ou deixe de concordar, mas a Lei da Autonomia Universitária não permite que qualquer aluno seja detido dentro das instalações universitárias sem ser informado pela Reitoria, que tal deve autorizar. Coisa que o polícia "verdadeiro" sabia, pois teve o cuidado de retirar, sem coacção, o aluno das instalações, ao que este acedeu. O primeiro, o tal que não gosta que lhe filmem a cara, pá! - deve ser polícia, mesmo, para se dirigir nestes termos a um jornalista... - não o sabia. Não o sabia porque ou não é polícia ou, sendo, então encaixa no epíteto do Borges.

De qualquer das formas, e uma vez que ser empresário dá, pelos vistos, o "direito" a ser insultado e ser primeiro ministro não, mesmo que as circunstâncias fossem de conferência pública e não de uma aula do Borges, não consigo perceber que haja uma diferença muito grande. Ah, sim, há essa pequena diferença dos 225.000 euros mensais. Mas isso não conta, ao que sei.

RioD'oiro disse...

Cirrus:

"Mas a questão permanece: e o que vão fazer ao aluno? Expulsá-lo? Prendê-lo?"

Tanto quanto sei levou um raspanete. Na minha opinião a coisa não deve passar daí. Se a mãe do PM lhe prega um processo ou não isso é lá entre eles.

"sem ser informado pela Reitoria, que tal deve autorizar."

Parece que nesse regulamento se esqueceram de incluir informação prévia no caso de insultos ao 1º ministro. Essa regulamentação é puro folclore e 'aplica-se' apenas aos que pertencem à universidade. É uma praxe. A lei estipula que os universitários estão automaticamente obrigados a respeitar as normas internas mas apenas os universitários (professores, alunos, funcionários, etc).

O regulamento universitário não se pode sobrepor à lei geral. Da mesma forma que uma pessoa pode ser detida num café, pode ser detida numa universidade.

"para se dirigir nestes termos a um jornalista"

Em boa verdade não se trata de jornalismo mas de militância política. Mais, a estação de TV não pode exibir em caso algum uma cara de alguém em grande plano sem autorização prévia da pessoa. Mesmo em plano geral, se a pessoa informar que não autoriza a exibição a estação não pode fazê-lo. Aliás, não exibiu. Caso exiba, sujeita-se a um processo (não sei se é criminal) e eventual indemnização.

O facto dele ter sido fotografado centenas de vezes não dá ao fotógrafo o direito de o fotografar em grande plano sem autorização dele. Quando o "jornalista" (que por acaso não é jornalista mas operador de câmara mas isso parece tender a ser esquecido) aponta a objectiva para a cada de alguém a curta distância a agressão inicial é dele. Os operadores sabem isso muito bem.

O caro pode dizer que os portugueses são corruptos mas não pode dizer que um determinado português é corrupto. É a lei.

"Ah, sim, há essa pequena diferença dos 225.000 euros mensais."

Ainda resta. Não tarda muito ficamos com o Tino de Rãs.

Lura do Grilo disse...

Lembre-se Mários Soares que perseguiu implacavelmente durante anos (na justiça e não com BMW públicos a 200km/h) uns trabalhadores com salários atraso que lhe disseram das boas em Coimbra.