quinta-feira, 4 de julho de 2013

O Sionismo e Jerusalém - Parte 7

A Lei Básica – Jerusalém, capital de Israel 
Em 1977 Israel sofreu um terramoto político com a chegada ao poder do Partido Likud (direita) e o consequente fim de 30 anos de domínio do poderoso Partido Trabalhista (centro esquerda). O Partido Likud, liderado por Menahem Begin, ganhou as eleições com base num programa nacionalista e algo messiânico, que defendia uma Israel mais alargada com Jerusalém como capital. Com esse propósito em 1980 o Governo do Likud apresentou à Knesset uma proposta de Lei que visava legalizar a posse israelita da Cidade Santa. A proposta, aprovada com 65 votos a favor e 12 contra,  passou a ter o estatuto de Lei Básica. Assim, a Lei Básica – Jerusalém, capital de Israel, como foi denominada, estipulou que Jerusalém completa e unida é a capital de Israel, sede da Presidência do Estado, da Knesset, do Governo e do Supremo Tribunal. Determinou ainda a proteção dos Lugares Sagrados e a liberdade de culto juntos dos mesmos, bem como as linhas gerais de desenvolvimento económico de Jerusalém.
A proteção dos Lugares Sagrados estabelecida na Lei Básica e levada a cabo por Israel, contrastou em absoluto com a forma como os árabes trataram os Lugares Sagrados Judaicos antes de 1967.
A ONU, que no passado fora incapaz de lidar com a questão de Jerusalém, abandonando a cidade à sua sorte, emitiu uma cínica resolução – a 478 do Conselho de Segurança – que declarava a Lei Básica – Jerusalém, capital de Israel nula e ilegal. Tal facto acelerou a transferências das embaixadas estrangeiras, que ainda permaneciam em Jerusalém, para Tel Aviv.
O status quo existente em Jerusalém desde a Guerra dos Seis Dias viria a sofrer mais uma vez alterações no final da década de 80 com o surgimento da Primeira Intifada. A Cidade Santa esteve mais uma vez no centro do conflito, sendo palco de grandes confrontos entre a minoria árabe e as forças israelitas. A Primeira Intifada acelerou a disputa por Jerusalém (os palestinianos já tinham como pretensão constituir um estado com a capital em Jerusalém) e radicalizou-a, ao ajudar a mudar o centro de poder dos palestinianos da OLP para os fundamentalistas islâmicos (os muçulmanos também consideram Jerusalém uma cidade santa).
Em Israel a situação também sofreu alterações com o surgimento das primeiras brechas no consenso israelita em relação a Jerusalém29: judeus ortodoxos e judeus seculares entram em conflito, começando os seculares a abandonar em massa a cidade, que foi ficando cada vez mais nas mãos o sionismo religioso e messiânico.
Com o prolongar da Intifada a Jordânia acabou por renunciar à pretensão a Jerusalém (e à Judeia e Samaria), deixando os palestinianos sozinhos nessa pretensão.
Pela ação de Yitzhak Rabin, primeiro como ministro da Defesa e depois como primeiro-ministro eleito pelo Partido Trabalhista, Israel acabaria por conseguir pôr fim à Intifada em 1992. Este aspeto conduziu indiretamente às conversações de paz de Oslo (1992/93).
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Notas 
29 – MONTEFIORE, Simon Sebag, Jerusalém, a biografia, p.554.

PARTE 1, PARTE 2, PARTE 3, PARTE 4, PARTE 5, PARTE 6.

1 comentário:

LGF Lizard disse...

Pergunta para totós: se Israel é um "estabelecimento colonial" e não tem razão de existir porque ocupa "terra palestiniana", e se define a dimensão territorial da "Palestina" como todo o território do ex-mandato britânico, então porque razão não se ouve ninguém a pedir a extinção da Jordânia? A Jordânia ocupa território do ex-mandato britânico, tem população palestiniana....

É mais fácil apanhar um anti-sionista (anti-semita disfarçado) do que um coxo.