A nossa Educação Pública
vive há décadas sobre uma mentira: a ideia romântica e inquestionável
de que todas as crianças e adolescentes são capazes de chegarem até onde
elas ou os pais delas quiserem.
Toda a gente finge que
acredita neste axioma. Na verdade, ninguém acredita nele mas todos
fingem que este axioma é uma verdade inquestionável.
Quem ousa manifestar
dúvidas, apontando exemplos de crianças e adolescentes que, por mais que
os professores se esforcem, não conseguem chegar onde os pais querem
que elas cheguem, é estigmatizado de diversas maneiras. A mais comum é
levar com a etiqueta de conservador.
Chegámos a uma situação
em que é de mau tom afirmar aquilo que todos conhecem: há crianças muito
inteligentes, outras que o são medianamente e outras ainda que são
muito lentas a aprender. E há crianças que se esforçam muito, outras que
se esforçam pouco. E há algumas que adoram aprender e outras que se
cansam facilmente.
E, por fim, há crianças que adoram a escola e outras que a detestam.
A falácia da
escolaridade obrigatória e de uma via única para todos é aceite de forma
inquestionável. O resultado está à vista: os gastos com a Educação não
cessam de subir e os resultados não passam da mediocridade.
Todos nós sabemos isso mas fingimos que não é verdade. E vamos repetindo até à exaustão o contrário. Fazê-mo-lo em todo o lado: nos relatórios que elaboramos, nos planos que desenhamos, nos trabalhos que redigimos.
Ramiro Marques no muito recomendável ProfBlog.
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