sábado, 3 de agosto de 2013

O Sionismo e Jerusalém - Parte 9

A abordagem sionista em relação à cidade de Jerusalém não foi completamente linear ao longo do tempo, oscilando entre o sentimento religioso, a relativa ambiguidade, a pretensão a possuir a cidade ou parte dela, a disposição para a partilha, a disposição para a internacionalização e a recusa da partilha. 
Se durante o período do pré-sionismo político Jerusalém tinha um papel central para os Judeus da Diáspora, consequência natural do sionismo religioso não organizado. Com o surgimento do sionismo político a situação alterou-se: os primeiros dirigentes sionistas não deram particular atenção a Jerusalém.
Só no início da Primeira Guerra Mundial o movimento sionista começou a enveredar esforços no sentido de ter alguma posse da cidade, começando nessa altura a existir a preocupação de tornar Jerusalém uma cidade judaica moderna, de acordo com os princípios seculares e progressistas dos principais dirigentes sionistas. Tais preocupações continuaram no período pós Declaração Balfour e início do Mandato Britânico. Em 1929, com o surgimento de conflitos com os árabes, a cidade de Jerusalém ganha importância junto dos sionistas, não só devido ao facto de existirem disputas em torno dos Lugares Sagrados, mas também devido a um maior pluralismo no movimento sionista, que passou a integrar o Sionismo Revisionista – mais reivindicativo em relação a Jerusalém.
Em 1937, na sequência das propostas da Comissão Peel, e da consequente possibilidade de ficarem sem Jerusalém, os sionistas admitem pela primeira vez a partilha da Cidade Santa. Essa partilha indicia, no entanto, uma preferência pelos locais modernos de Jerusalém, em detrimento dos mais antigos e Sagrados. Facto que estava ainda relacionado com a ideologia dominante no sionismo – o socialismo.
Pela força das circunstâncias decorrentes do Plano de Partilha de 1947 os sionistas são forçados a aceitarem a internacionalização de Jerusalém. Com o eclodir da Guerra da Independência e a incapacidade da ONU em tomar posse da cidade, o estatuto de Jerusalém passa do plano político para o plano militar e Israel faz enormes esforços no sentido de conseguir ficar pelo menos com a parte judaica da cidade. É esse o desfecho da guerra de 1948: Jerusalém é dividida e Israel faz na parte Ocidental a sua capital.
Depois da Guerra dos Seis Dias, Israel conquista toda a cidade de Jerusalém, facto que mudaria a postura dos israelitas em relação à cidade. Israel passa a defender abertamente a posse da totalidade de Jerusalém e consagra esse princípio numa Lei Básica em 1980.
Mais de uma década depois, em 1993, e no contexto dos Acordos de Oslo, os dirigentes israelitas admitem pela primeira vez desde 1967 a partilha da cidade com os palestinianos. Tal hipótese voltaria a ser admitida no ano 2000. Em ambas as vezes a ideia da partilha provocou profundas divergências internas entre a direita e a esquerda israelita.
O falhanço dos Acordos de Oslo e das conversações posteriores, provocam uma nova viragem na perspetiva israelita, com as ideias da direita a vingarem e a generalidade dos israelitas a oporem-se à partilha da cidade. É essa basicamente a situação atual.

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