quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Atas das Aulas de Hebraico I


Todos os cursos, independentemente das temáticas, têm o condão de nos fazer sentir crescidas crianças. Se se tratam de cursos de línguas, ainda mais - ou seja, ainda mais pequeninos nos sentimos, ao nos sentarmos na sala de aula donde, um dia, saímos e nunca pensámos regressar. No meu caso, ainda acresce (a creche?) que estou a aprender Hebraico, do básico, daquele de trazer por casa. Ou, já que o estou a estudar em território Irish, Hebraico Beginner, que isto, dito assim, em Inglês, soa sempre mais sério, melhor, moderno e com outra etiqueta e outras maneiras.
Irlandesa é a outra estudante (além de nós, não há mais ninguém, a não ser um tal de Hugo, que se matriculou e não compareceu na primeira aula, e me deixou sem perceber se é Português, se patrocinado pela Hugo Boss, ou ambos). A Irlandesa é loira e bonitinha, logo casada com um Israelita e, claro está, Sefardita, de origem Síria. Surpresa? Só o fato de uma Irlandesa estar casada com um cidadão estrangeiro. Judeus e gente na Síria era o que mais havia antes de Assad e outros assassinos afins.
Isso, e outros assuntos sionistas, também nos ensina o professor, ainda que esse nariz não fosse para ali chamado. Quanto ao nariz do senhor, não me é estranho. Já o vi na Sinagoga, assim como nalgum evento da embaixada de Israel na Irlanda, tal como o Festival de Cinema Israelita. (Lembram-se? Leram, ou precisam de link?) O professor chama-se Yossi, que é José em Hebraico, e que era também o nome do pai de  Yeshua, também chamado de Jesus, também tido por Cristo. O senhor tem um sentido de humor judaíssimo: é capaz de dizer uma piada sem que o seu sorriso perdure por mais de cinco segundos, que é, ao afinal de contas, o tempo de uma boca subir à altura do nariz aquilino e voltar à posição standard. Além disso, pois o seu ofício não se trata somente de nos exercitar em esborçar sorrisos, consegue explicar-nos o Hebraico de uma maneira simples e fazer-nos esquecer que se trata de um empreendimento épico, que é como quem prosaicamente diz uma coisa complicada.
De todas as formas, sempre ambicionei ser uma criança fora de horas. Seja pela via inocente de me iniciar num novo idioma, seja a deliciar-me nas diabruras do dia-a-dia. Seja a desenhar letras, à falta de jeito para fazer retratos de rostos ou pintar paisagens. Seja a rabiscar versos, à falta de outro modo de rasgar a realidade. Seja, seja sempre a contragosto deste mundo sem ânimo dos adultos. Desobedientemente. 

2 comentários:

Anónimo disse...

Embora isto não tenha a ver com o texto, aqui vai porque é uma alteração de paradigma importante: no México os cidadãos fartos de aturarem os cartéis, e forças de segurança corruptas, decidiram passar a garantir a sua própria protecção. Não deixa de ser curiosa a resposta do Estado mexicano...

http://www.alt-market.com/articles/1952-mexican-citizens-topple-cartels-and-are-rewarded-with-government-retaliation

Ohem se a moda pega em Portugal!

John Oliveira disse...

Então e já sabe desenhar aquele 'aleph' de Imprensa, que é difícil como tudo? :-)

I.B.