sexta-feira, 3 de abril de 2009

Se a demagogia pagasse imposto...

...haveria dinheiro para fazer (re)nacionalizações destas. Por que é que em Portugal tanta coisa é escrutinada e nada do que o Bloco de Esquerda propõe o é? Não serão levados a sério? Ou será distracção dos jornalistas e comentadores?
O Bloco de Esquerda tornou-se perito na arte da demagogia. Exemplo disso são os cartazes que espalha pelas praças e pelas ruas, apelando a soluções fáceis, impraticáveis e populistas.
Um desses cartazes, foi contra as grandes reformas e a favor das pequenas (quem é que poderá defender o contrário?), no qual fazia equivaler uma pensão alta a várias pensões baixas, dando a entender que se se reduzisse a primeira, seriam aumentadas as segundas. Que pretende o Bloco de Esquerda? Diminuir as pensões mais altas? Que pensões são essas? Comandantes da TAP e Juízes? Mas essas pessoas para terem pensões altas não tiveram também descontos altos? Há alguém com pensões altas que não tenha direito a ela? ou não tenha realizado os exigidos descontos? Quanto é que essas reduções nas altas pensões fariam subir as baixas pensões? A isto o Bloco de Esquerda não dá respostas, ou se as dá, não as coloca em cartazes.
Outro cartaz, é aquele onde se afirma que quem tem lucros não pode despedir. Mas de que lucros fala o BE? Dos do ano passado? Do mês passado? E se a empresa tiver lucros e agora estiver em prejuízo, ou a prever ter prejuízo? Pode despedir? Se a empresa tiver tido lucros e deixar de ter encomendas deve continuar a pagar salários e a manter os postos de trabalho? É vantajoso para as empresas despedir pessoal? Quanto custa despedir um trabalhador?
Por fim, surgiu agora a ideia mirabolante de renacionalizar o sector energético. Mirabolante, porque o BE sabe perfeitamente que tal não é possível. Primeiro, porque para nacionalizar uma empresa é preciso indemnizar os proprietários, e o Estado não tem dinheiro para empresas tão caras. A não ser que o BE não esteja a pensar pagar as nacionalizações, mas sim, roubar as empresas aos donos. O segundo motivo, prende-se com o ar do tempo, por muito comunista e bloquista que exista em Portugal, nunca serão os suficientes para terem legitimidade democrática para implementar uma medida destas.
Posto isto, resta classificar as ideias do BE como demagogia barata e irresponsável, que em tempos de crise tem muita recepção. Sound-bites destes irão conseguir atrair muitos tolos.

9 comentários:

Anónimo disse...

A canalhice de certos fascistas não tem limites.
Para dar dinheiro a bancos e empresários já não há problema não é fascistazinho.

DL disse...

Caro anónimo,

bem vindo ao meu blogue.

Passando por cima do facto, de pessoas como o senhor terem sempre a palavra fascista na ponta da língua para atirarem a quem convosco não concorda, deixe que lhe diga o seguinte:

- não escrevi em lado nenhum que sou a favor que o Estado dê dinheiro a bancos e a empresários. Embora tal coisa fosse tão legitimo como defender que o estado dê dinheiro a parasitas e a preguiçosos que vivem de subsidios, que embora sendo uma minoria existem.

- O Estado português não é do "anónimo", nem dá dinheiro a quem o anónimo decide que deve dar. O Estado é de todos e não é de ninguém em particular.

- Não sou favorável à política de privatização dos lucros e de nacionalização dos prejuizos, nem a do seu contrário.

- Entendo que a economia deve ter regulação, mas deve ser privada. Ao Estado cabe assegurar algumas prestações sociais, educação, saúde, defesa, segurança, etc. Embora na saúde e na educação não me oponho a que haja privados e mercado.

Isto é completamente diferente do fascismo de que apelidou. E também o é do comunismo que o Bloco de Esquerda quer implementar em Portugal.

Pedro disse...

o que é verdade é que este modelo económico protege os mais ricos e os mais poderosos sendo que a classe média tem sido forçada a "pagar" os grandes erros dos grandes grupos financeiros e industriais! Sem qualquer razão

DL disse...

Pedro,

A classe média neste momento está "ensanduichada": paga para os de cima e paga para os de baixo. Até há quem diga que está a ser explorada pelos dois, ricos e pobres...

Mariagaby disse...

Levy,
É isso mesmo! Paga para todos! Uns não pagam porque sabem e podem safar-se, outros não pagam porque são pobrezinhos, portanto sobra sempre para os mesmos!! A classe média, trabalhadora por conta de outrem!

DL disse...

Gaby,

o problema é que isso é politicamente incorrecto dizer. Como se sabe, os pobrezinhos nunca têm culpa de nada e são inatacáveis. Os ricos, são atacáveis, mas muitas vezes com fins políticos. Vai-se mantendo o status quo...

Pedro disse...

O problema é que em termos absolutos as somas de dinheiro serem exageradamente diferente. E além do mal dois males não fazem um bem. Enquanto que os "pobrezinhos" poderão sofrer de pobreza endémica resolúvel com alguns programas sociais, os ricos , cujos tentáculos estão enraizados em todas as formas de poder a nível global , usam e abusam deste poder, utilizando o dinheiro da classe média para fazer dinheiro, de dinheiro, de dinheiro, de dinheiro. Quem viu um debate no Daily Show do Jon Stewart no outro dia sabe daquilo que falo. As grandes corporações americanas andavam a jogar com o dinheiro da classe média americana no mercado financeiro. Quando cai um pobre nada acontece, agora quando cai um ricalhaço o mundo entra em recessão. Em relação às nacionalizações, ach oque o Estado (ou seja todos nós) deverá sempre manter alguma forma de controle sobre companhias que utilizem bens que chamaria de estratégicos (energia, saúde, educação, e talvez outros). Se não me engano até o faz nas energéticas portuguesas, por isso até nem sou favorável à propaganda do BE, mas por razões diferentes.

Pedro disse...

Desculpem foi um bocado mal escrito (serem é são e além do mal é além do mais)

DL disse...

Pedro,

o seu comentário demonstra um certo preconceito em relação aos ricos e uma grande tolerancia em relação aos pobres. Aquilo de que estavamos a falar era precisamente que isso é o politicamente correcto instalado. Não vejo qualquer mal na critica aos "ricos" se estes agirem mal, ou aos que agirem mal. O que me faz um pouco de impressão é a critica ideológica que está muitas vezes por detrás disso. O mesmo acontece em relação aos pobres. Lá por serem pobres não podem ser criticados?