sábado, 8 de fevereiro de 2014

Atas das Aulas de Hebraico III


À terceira aula, aprendemos o terceiro verbo. Mas já lá vamos.
Lá chegaremos, a toda a velocidade, que a este pessoal lhes sobra em pressa o que lhes falta em paciência. Caraterística que, faça-se justiça, também se aprecia do lado de cá.. Caraterística que, quando andei por aqueles lados - e quando digo andar por aqueles lados, também me refiro às vezes em que aqueles lados vieram, devidamente diasporizados, até mim - caraterística essa que me fez sentir em casa.  (Para que conste, é meu costume dizer que pior do que uma fila, só mesmo uma fila longa e lenta).
O Hebraico, palavras do professor Yossi, quer-se económico. Traduzido para letras, quanto menos das ditas, melhor. Essa é uma exigência, conforme explicado pelo professor Yossi, própria de um país em que a esmagadora maioria das  pessoas frequentou as IDF. Lembre-se que o Russo, parente em segundo grau do Hebraico, também se quer assim, rápido e conciso. Não estivessem também os Russos habituados à luta armada, com mais ou menos Bolcheviques ao barulho. 
Hoje em dia, o Hebraico é um. Contudo, dada a(s) Diáspora(s), está distante de ser um idioma único e consensual. Era essa a vontade de, há uns cinquenta anos atrás, Ben Yehuda, ao ouvir uns a falar em Ladino para outros que lhes respondiam em Yidish. Ainda que o idioma Hebraico esteja instituído, a discórdia persiste. Para dar razão ao célebre dito: "Onde estão dois Judeus, existem três opiniões". Antes estar destinado à sentença da discórdia, do que a discórdia ser sinónimo de sentença de morte.
O idioma Hebraico, tal qual tem sido construído, continua a seguir a rota mais antiga e assim imbrica as palavras de significados ou contextos similares em micro-grupos ou conjuntos. É um idoma feito à medida de quem preza a lógica e a inteligência, numa palavra, a própria educação e, ao mesmo tempo, varrer os estúpidos e a aproximação de qualquer mal-vindo cretino. No fundo, nem é nada de novo. Só mais um idioma que, tal como todos os outros, revela a conduta do povo que o cultiva e o mantém vivo na ponta da língua.
Voltando aos verbos, pois foi com os verbos que começámos esta crónica que se quer concebida sob a forma de ciclo. O primeiro que aprendemos foi precisamente o verbo aprender. (Pois aprender é o primeiro passo para as demais ações). O segundo foi o verbo escrever que é, afinal de contas, o que temos vindo a fazer. O terceiro, já sob a forma de prémio, como que a aplaudir o nosso apetite, foi o verbo comer. Todos os três verbos são caros a um povo de costumes pouco brandos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro:
Comer também é LER, ou não?