sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Atas das Aulas de Hebraico V


Ao fim de cinco aulas, para mal da (falta de) paciência do professor Yossi e das minhas ambições de fluência e de perfeccionismo, ainda troco algumas letras. Consequentemente, confundo palavras e misturo verbos que, aparentemente, não têm nada a ver. Por exemplo, costumo confundir os verbos escrever e beber. Respetivamente, lich tov e lish tot. Por mais que as palavras se pareçam, como frisou o professor Yossi, são ações distintas. 
Para mim, nem tanto. O professor Yossi está longe de saber que, neste preciso momento, após a quinta aula de Hebraico, estou a beber uma Guinness e a escrever esta crónica - e que é meu costumeiro hábito escrever enquanto bebo.
Porque o colégio, tal como disse em relação à casa numa crónica do meu blog, também é o caminho até ao colégio e do colégio para casa. As aulas não são só as aulas - abarcam também tudo o que se aprende na viagem e de volta.
Porque voltar às aulas, além de me fazerem sentir novo pelo fato de voltar a frequentar aulas, também têm semelhante efeito por me retomarem o velho hábito de errar pelas ruas ao final da tarde e início da noite - hábito que, vencido pela preguiça, perdi em prol do sossego assético do sofá.
Ao contrário das "Carrers" da Catalunya, um dia que deixe Dublin, daqui guardarei poucas mais memórias urbanas do que as que guardo das ruas de Rathmines. Quanto às ruas de Ranelagh, ficarão para sempre associadas ao lugar onde, meio que sonâmbulo, meio que a sonhar acordado, aprendi que andarilhar consiste em andar às arrecuas.  

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