Colocar estes meninos na escola custa ao Estado português milhões e milhões de euros por ano. Pelos vistos para nada, pois não há um único vestígio de estudo e de aprendizagem nestas aulas da Escola Secundária Miguel Torga em Sintra.
O Jornal Correio da Manhã, que divulga os vídeos, apressou-se a insinuar que tudo se passa perante a passividade da professora. Eram de esperar insinuações deste tipo: os que ao longo de anos desautorizaram os professores, fazendo com isso aumentar o nível de indisciplina nas escolas, são agora os que lhes apontam o dedo, culpando-os pela balburdia galopante.
O aumento da indisciplina já se deixava adivinhar. Poucos professores aguentam uma vida inteira a contrariar alunos destes e a serem ao mesmo tempo desautorizados, gozados e rebaixados por tudo e por todos - chefias, ministério, pais, Governo, etc. Como castigos para os alunos nunca há, e quase sempre quem acaba com chatices é o professor, muitos docentes desistem e a indisciplina fica fora de controlo.
O clima disciplinar nas escolas em Portugal degradou-se muito nos últimos dez anos. Para isso muito contribuiu a forma como o poder político - socialista, entenda-se - lidou com os estatutos do professor e do aluno. Em relação aos professores, tudo o que era possível fazer para lhes tirar autoridade foi feito - todos se lembram da guerra movida contra os docentes pelo anterior Governo, que fez imediatamente crescer alunos e pais. Com os alunos aconteceu precisamente ao contrário: passaram a ser o centro do universo, e por isso quase intocáveis. Paralelamente arranjaram-se uns imbróglios burocráticos com a finalidade de varrer a indisciplina para debaixo do tapete, ou seja para a clandestinizar. Ela cresceu, mas é como se não existisse.
Esta é a herança que a Escola Socialista deixou em Portugal: alunos indisciplinados e completamente impunes, e professores desgastados e sem forças para os controlar.