O Conselho Português para a Paz e Cooperação é um satélite do PCP que se dedica ao combate dos inimigos ideológicos do partido: os Estados Unidos, Israel e a NATO. Como a palavra combate soa deveras mal, nada melhor do que travestir o CPPC de pacifista. Ajuda a passar melhor a mensagem comunista, associando-a a uma causa simpática - a paz - ao mesmo tempo que combate o imperialismo e o capitalismo. É um clássico entre os comunistas: disfarçar as suas reais características e propósitos com palavras simpáticas, como paz, democracia e liberdade.
No caso do CPPC o disfarce salta à vista. Basta ir ao seu site para se perceber de imediato a sua real agenda. Todos os conflitos, onde estejam os Estados Unidos ou Israel, são alvo das atenções desta organização. Assim, guerras como a do Iraque, da Jugoslávia e da Palestina, são guerras más, provocadas pela hedionda aliança nazi-fascista-sionista-capitalista. Já as ameaças vindas do Irão ou da Coreia do Norte, ou são disfarçadas de resposta a uma agressão imperialista, ou são simplesmente ignoradas. Curiosa é também a posição sobre a Guerra de 2008 na Georgia, onde todas as farpas vão para o pérfido regime georgiano, e nem uma linha para o verdadeiro agressor - a Rússia.
No meio de todo este cinismo, ainda vai havendo tempo para declarações de solidariedade para com Cuba e para a divulgação das deliberações da Assembleia Mundial da Paz, reunida na Venezuela. Dois países por sinal governados por militares, mas que não parecem incomodar os que no Sábado vão desfilar pelas ruas de Lisboa a clamar por paz.
5 comentários:
David Levy:
O CPPC teve os seus tempos áureos nos tempos da maior influência do PC em Portugal e enquanto o Marechal Costa Gomes foi vivo. Mesmo assim, passava ao lado das preocupações dos não-militantes e de uns quantos "intelectuais comprometidos e empenhados" e dos ingénuos bem-intencionados do costume.
Depois, apagou-se e o seu fantasma surge apenas entre os restantes nos cocktails parties da esquerda previsível. Nada de novo, portanto.
Quando me falam no CPPC, aliás, a primeira coisa que me vem à memória é uma cena protagonizada pelo velho sátiro Luiz Pacheco ("compagnon de route" de umas bejecas pagas pelos militantes comunistas, sempre no arrebanhanço de intelectuais para o prestígio e credibilidade da Revolução).
Foi para aí entre 1977 e 1979. Já bem bebido, como era costume, e com um saquinho de plástico com uns bolinhos comprados no Pingo Doce, pôs-se a falar com o porteiro do local onde se realizava uma sessão do CPPC, dizendo, apontando para o saco: "Isto é que é bom, 'tá a ver...? Isto é que é bom, não é aquela coisa lá dentro...". E, dirigindo-se, chocarreiro, a um casal, escandalizado e com ar reprovador, que ia a entrar: "Não entrem! Já morreram três!".
Fartei-me de rir!
Saudades do Pacheco...
Já agora, David, a propósito de satélites com fogo de artifício ou fogo pesado, pela minha parte fique com esta:
http://fiel-inimigo.blogspot.com/2010/11/pequena-nota-de-passagem.html
@ Gonsalo
Já tinha lido. É mais um satélite do PCP. A Zita Seabra no seu livro "Foi assim" dá alguns interessantes pormenores acerca da formação dos "Verdes"..
@ Joaquim Simões
Então o CPPC é contemporâneo do movimento ZLAN - Zona Livre de Armas Nucleares. Este movimento tinha um cartaz à entrada de cada concelho do PCP a avisar que ali não havia "armas nucleares", não fosse algum distraído julgar que podia haver bombas nucleares no Redondo ou em Vendas Novas.
Outro satélite do PCP é o MUSP - Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos. Mas andam meio apagados.
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