segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

De que fogem os professores?

A situação não é bem como diz como diz o Público: os professores não correm para a a reforma, mas sim fogem para a reforma. A profissão de professor foi transformada num inferno: é mal paga, está rodeada de burocracia e indisciplina por todos os lados, não tem qualquer tipo de reconhecimento social e é o saco de pancada de toda gente - diretores, ministério, alunos e pais. Qualquer destas razões, por si só, é mais do que suficiente para que alguém minimamente inteligente se ponha a milhas, quanto mais todas juntas.

7 comentários:

Luís Lavoura disse...

Eu não sei se a profissão de professor é mal paga. Tenho a impressão, ou suspeita, de que nas escolas privadas os salários dos professores são inferiores aos das escolas públicas. Sei que isso é assim no pré-primário, onde nas públicas se paga quase 50% mais do que nas privadas. Não sei se nos outros níveis de ensino também é, mas suspeito que sim.

Luís Lavoura disse...

está rodeada de indisciplina por todos os lados

Eu não duvido que os alunos sejam muito indisciplinados. Mas os próprios professores também o são, pelo que não têm de que se queixar. O meu filho mais velho, que anda no sétimo ano, tem professores que faltam a quase metade das aulas e que não são punidos por isso. No ano passado foi a professora de história, que se andava a tratar de um cancro e não era substituída e não deu metade das aulas, este ano é a de geografia, que falta a quase metade das aulas, e a de matemática, que falta a um terço delas. Qualquer trabalhador do privado que desse faltas desta forma era posto na rua num ápice.

DL disse...

Lavoura:

Desde quando é que os professores do privado são bem pagos?

Os professores têm muito que se queixar, a começar de comentários como o seu. Acha normal o nível de indisciplina que se existe nas escolas? Acha que isso é indiferente para os professores.
Sobre as faltas das professoras do seu filho são irrelevantes para este post porque eu consigo arranjar-lhe dezenas de professores que conheço que não dão uma falta.

Luís Lavoura disse...

David Lévy,

ser "bem pago" é um conceito subjetivo. Você acha que os estivadores são bem pagos e os professores mal, mas haverá quem ache o contrário. Eu o que disse é que suspeito que os professores públicos, ainda que sejam (na sua opinião subjetiva) mal pagos, sê-lo-iam ainda pior se saltassem para o privado.

Quanto à indisciplina, fiz notar que ela também existe da parte dos professores, e que acho incompreensível e inaceitável que os professores indisciplinados não sejam punidos. Deve ser uma grande vantagem ter uma profissão em que se pode ser indisciplinado sem se ser punido por isso.

Pedro disse...

Os professores são mal pagos?? Num país miserável gnaharem em média, repito em média, à volta de 1400/1500 mensais é mal pago??? Ok, não são ricos mas em Portugal o salário médio são 700€.

Anónimo disse...

Lavoura,

Tem a certeza de que os professores faltam mesmo, ou será o rapaz que se balda e dá essa desculpa? É que isso é um clássico.

Uma pessoa faltar para se ir tratar de um cancro é justificável, não acha?

Sou professor há 20 anos, passei por muitas escolas e não vi mais gente a faltar do que noutras profissões por onde passei. Este ano faltei dois dias, um por estar doente e outro porque empanei. Os colegas que tenho tido que faltam muito fazem-no por estar doentes ou por estarem em pré-ruptura psicológica.

Também acontece por exemplo haver demora em colocações e depois no fim do período as aulas que os alunos não tiverem serem inetrpretadas como faltas do professor em vez de aulas não dadas.

A seguir ao 25 de Abril a escolaridade obrigatória foi alargada e na altura pescavam toda a gente para «dar umas aulas», pois havia falta de professores. Eram tempos de rebaldaria, muitos desses professores improvisados não estavam à altura da tarefa, acagaçavam-se e começavam a meter faltas... e o estigma das faltas dos professores ficou.

Custa-me ouvir essa argumentação. Soa-me a tremenda injustiça. Não queremos troféus especiais por dedicação, mas apenas não sermos alvo desse ódio, que também atinge outras profissões. Na crise económica que atravessamos, um dos estratagemas do Poder foi culpar os professores. Nem é estratagema inédito; o raciocínio «se erramos é porque fomos mal ensinados» é o bêábá da demagogia.

Um abraço, com amizade,

Luís Silva

Lura do Grilo disse...

Não se podem ter professores motivados quando são maltratados por alunos, pais e tutelas da qual se salientam as lurdinhas.