O senhor sai do PS em 1978...
Sim, em ruptura contra o chumbo, na AR, do Governo do Nobre da Costa. Depois, por influência do Mário Soares e do Almeida Santos, voltei, em 1983. Mas saí de novo, em 2000, ou 2001, por causa daquela trafulhice da reforma do património, no tempo do Guterres. Percebi que aquele partido era dirigido por gente sem palavra e eu não me dou com gente sem palavra.
Mas num país em que as pessoas já passam tantas dificuldades, podemos prescindir das despesas sociais do Estado? Não seria ainda pior, para as pessoas?
Mas isso não serve de nada! O senhor não pode fazer política social com dinheiro emprestado!
Mas isso não serve de nada! O senhor não pode fazer política social com dinheiro emprestado!
Mas o senhor, que já critica tanto os serviços públicos, o que diria se o Estado fechasse ainda mais a torneira?
Eu não critico os serviço públicos por uma questão de falta de dinheiro. Critico, por exemplo a Educação, que é uma vergonha e um crime que os políticos estão a cometer. Critico o funcionamento da Justiça. A burocracia.
Eu não critico os serviço públicos por uma questão de falta de dinheiro. Critico, por exemplo a Educação, que é uma vergonha e um crime que os políticos estão a cometer. Critico o funcionamento da Justiça. A burocracia.
Mas se for tirar a um português de classe média o seu segundo carro, as férias em Cancoon e o pequeno-almoço fora todos os dias, porque ele que deve não sei quanto ao estrangeiro, como acha que ele lhe responde? Não dirá 'quero lá saber'?
Se me derem uma hora e meia em televisão, em canal aberto, garanto que viro muita gente do avesso. Basta começar a falar na qualidade da educação e de onde isso nos levará.
Mas, no seu tempo, a Educação tinha melhor qualidade? Com meio país analfabeto? E se tinha, como chegámos à situação actual?
Lá está você a confundir! Para as pessoas aprenderem não era preciso estarem lá todos! O abandono escolar, quando é feito por aqueles que não andam lá a aprender nada, é uma coisa boa! Nem gastam dinheiro à gente nem chateiam os outros! Esta ideia imbecil da escola inclusiva serve para depositar dentro de quatro paredes uns tipos! Para que o eng.° Sócrates e a Maria de Lurdes Rodrigues lhes passem, depois, um papelucho! Um tipo com cabeça devia perguntar, olhando para o papelucho: 'E isto serve para limpar o quê?'
Mas exagera um bocadinho. No seu tempo, em que a escola era tão "boa", havia 30 ou 40% de analfabetos. Hoje não há uma criança que não saiba aceder à internet. Não acha que melhorámos?
Se a criança souber ler, escrever, ler, contar, pensar, expor, tudo bem. O Magalhães vai morrer por si próprio. As crianças escangalham aquilo tudo rapidamente ou vendem-no na Feira da Ladra...
Mas os paradigmas do conhecimento mudaram, em relação ao seu tempo. É melhor ter computador do que não ter...
Sim, mas as coisas têm o seu tempo. Eu prefiro que eles estudem a tabuada. O problema é que isto é dirigido por gente que apanhou uns diplomas. Se tivessem estudado 30 anos, como eu estudei... Esta gente, a Lurdes Rodrigues, o Sócrates, etc., são do tempo do diploma fácil... É como as Novas Oportunidades, uma trafulhice que pretende dar em seis meses formação que só pode adquirir-se em três anos. Os patrões não vão engolir isso, quando se tratar de empregar as pessoas. Os asiáticos estão a progredir porque exigem muito mais do sistema educativo.
Mas alguma vez tivemos tanta gente qualificada como hoje, em Portugal?
As elites são mais qualificadas do que no meu tempo. Mas o resto é muito pior. Eu deixei de ensinar, porque era um horror. Um dia encontrei um moço a quem perguntei: 'Mas, afinal, quando é que se vai embora? Quanto exames já fez comigo?' 'Fiz dez', disse ele. Quem quer estudar deve estudar. Quem não quer, mais vale fazer outra coisa. O que critico, no ensino inclusivo, é não dar alternativas na saída profissional, para quem não tem capacidade para chegar à universidade.
Neste livro, o senhor decreta o fim da social-democracia e do Estado social.
Eu não decreto. A realidade é que decretou. Não há democracia válida se os países não tiverem sustentabilidade económica. Acha que temos uma democracia a sério? Olhe, eu queria uma democracia como esta: o senhor Olmert, primeiro-ministro de Israel, foi acusado de se ter abotoado com uns dinheiros. Vai ser julgado. O presidente da República envolveu-se num escândalo sexual. Foi despejado. O senhor Nixon fez aquela pantominice do Watergate e foi-se embora. Uma democracia tem de ter um sistema judicial que funcione. E em Portugal? É o Freeport, são os sobreiros, os submarinos, os bancos... Tudo! Em Portugal, o Poder não quer que a justiça funcione. porque isso lhe trará dissabores.
Mas voltemos ao Estado social e à social-democracia...Mas alguma vez tivemos tanta gente qualificada como hoje, em Portugal?
As elites são mais qualificadas do que no meu tempo. Mas o resto é muito pior. Eu deixei de ensinar, porque era um horror. Um dia encontrei um moço a quem perguntei: 'Mas, afinal, quando é que se vai embora? Quanto exames já fez comigo?' 'Fiz dez', disse ele. Quem quer estudar deve estudar. Quem não quer, mais vale fazer outra coisa. O que critico, no ensino inclusivo, é não dar alternativas na saída profissional, para quem não tem capacidade para chegar à universidade.
Neste livro, o senhor decreta o fim da social-democracia e do Estado social.
Eu não decreto. A realidade é que decretou. Não há democracia válida se os países não tiverem sustentabilidade económica. Acha que temos uma democracia a sério? Olhe, eu queria uma democracia como esta: o senhor Olmert, primeiro-ministro de Israel, foi acusado de se ter abotoado com uns dinheiros. Vai ser julgado. O presidente da República envolveu-se num escândalo sexual. Foi despejado. O senhor Nixon fez aquela pantominice do Watergate e foi-se embora. Uma democracia tem de ter um sistema judicial que funcione. E em Portugal? É o Freeport, são os sobreiros, os submarinos, os bancos... Tudo! Em Portugal, o Poder não quer que a justiça funcione. porque isso lhe trará dissabores.
A social-democracia tenta igualar o mais possível a distribuição de riqueza e desenvolver um conjunto de mecanismos que protege as pessoas em dificuldades. Foi um óptimo sistema enquanto houve dinheiro. E havia poucos reformados, e os estados tinham política económica. Agora, os estados receberam o passivo das políticas sociais, mas não os aspectos positivos: riqueza, pleno emprego, etc.. Se desapareceram os alicerces do Estado social, este passou a ser ficção. Estamos a fingir. Ou os políticos social-democratas repõem a economia, ou nada feito.
O que achou desta polémica sobre a TVI?
Senti-me a viver no Estado Novo. Não me lembro de nada tão estranho, em democracia. Primeiro tentam comprar a estação. Depois desistem. Depois correm com um tipo. Depois alguém telefona de Espanha... Bem, eu, como desconfiei sempre do Estado Novo, também desconfio disto.
O senhor professor vai votar?
Não sei, é uma angústia que tenho. Ainda não decidi nada. Mas estou com muito medo dos próximos quatro anos.
6 comentários:
Tomara que mais portugueses prestassem atenção às palvra do Prof. Medina Carreira.
Ele tem medo dos próximos quatro anos e eu tenho pânico. Não sei se piora com a Manuela ou se com o Sócrates. A sério não me agrada nada o PSD e a ancienne bourjoise a catar milho da seara desfalcada para alimentar as suas galinhas. Todo o PSD me parece uma apresentação de um filme noir ou uma caricatura almodovariana no seu extremo. O Sócrates sempre o tiro de uma daquelas produções animadas básicas dos anos 80 com uns bonecos articulados e uns cenários em plasticina... basicamente já sabemos o fim da história...
No alvo como é habito.
Bem malhado!
EJSantos
Posso ser um Sionista Honorário?
Isso era porreiro para chatear os Neo-Nazis pintados de Vermelho, que andam por aí com aqueles lenços de palestiniano...
É pena esses meninos não serem mandados para a palestina.
A ditadura está aí para servir o rei e os seus soldados. É a URSE (União das Répúblicas Socialistas Europeias). Aqui é apenas um condado do rei. O rei está na Alemanha. Ao mesmo tempo que os súbditos do rei comem, também dão a comer. É uma festa desbaratar este país. É a recompensa por entrega-lo ao rei. Sejamos sinceros.
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