quinta-feira, 8 de julho de 2010

Manual da Propaganda: como utilizar um mapa para fins de desinformação

Há bastante tempo que circula pela blogosfera um mapa de Israel, onde supostamente se demonstra a progressiva ocupação do território da Palestina pelos Judeus. A figura em causa é repetidamente citada em blogues alinhados com a extrema-esquerda anti-sionista e com o palestinianismo anti-semita,  e também em  blogues genuinamente simpatizantes da causa palestiniana. De uma forma simples pretende fazer passar a ideia de que Israel está continuamente a ocupar e a usurpar a terra dos palestinianos. Para  isso o referido mapa foi dividido em quatro partes (fases), ao longo das quais o leitor a doutrinar esclarecer pode observar a evolução da terra palestiniana (a verde) e da terra judaica (a branco). 
Logo na primeira fase (1946) representa-se como palestiniano todo o território do futuro Estado de Israel e ainda os territórios de Gaza, da Judeia e da Samaria.  Os Judeus apenas aparecem em pequenas parcelas de terra. Não é referido que a Palestina era escassamente habitada, e com vastas áreas desocupadas (que os autores do mapa habilmente pintaram de verde).  Os ilustres geógrafos também não explicam que em 1946 a zona estava integrada no Mandato Britânico da Palestina, que abrangia não só a Palestina, como também a Transjordânia:
No território mandatado previa-se o nascimento de três estados: um Judeu (Israel) e dois árabes (Palestina e Jordânia). Para isso foi elaborado pela ONU um Plano de Partilha em 1947,  e que que corresponde à segunda fase representada no mapa. Como a partilha nunca chegou a existir, por recusa dos árabes (dizia-se "árabes" e não "palestinianos"), esta "segunda fase" pura e  simplesmente  não corresponde a nada. Embora se queira fazer passar a ideia que nesta altura já os malvados dos Judeus haviam roubado muitas terras aos inocentes palestinianos. Convém referir que o Plano de Partilha da ONU era apenas um dos vários existentes. Havia outros: o da Comissão Peel (1937), o Morrison-Grady (1946), e o da Agência Judaica (1947).
Na terceira fase do mapa  a patranha continua,  porque embora as delimitações que apresenta sejam correctas, omite quatro factos relativos às fronteiras de 1948-1967: correspondem ao determinado nos Armistícios de 1949;  são resultado de uma guerra declarada a Israel (1948) - previamente à qual não havia fronteiras definidas (com excepção dos planos de partilha já anteriormente rejeitados pelos árabes); e os territórios da Faixa de Gaza e da Judeia/Samaria não eram palestinianos, mas sim egípcios e jordanos (e onde curiosamente durante 19 anos ninguém se lembrou de fundar um estado "palestiniano").
Por fim, também na fase quatro há uma deturpação da realidade:  primeiro porque a Faixa de Gaza está totalmente desocupada; segundo porque a ocupação existente  nos territórios da Judeia e da Samaria resultou de um acto de legitima defesa por parte do Estado de Israel e ocorreu em situação de guerra (1967); terceiro porque essas zonas ainda não têm nem um estatuto definitivo, nem fronteiras acordadas; e quarto porque os territórios pintados a verde, e onde vivem 90% dos palestinianos, estão em situação provisória e resultam dos acordos de Oslo (1993) e do acordo israelo-palestiniano (1995).  O que o mapa faz é transformar uma situação de transição numa solução  definitiva, tipo "arquipélago", para fazer passar a ideia que os palestinianos estão enclausurados dentro de ilhas. Ora essas "ilhas" nada mais são do que o resultado de acordos, ainda que provisórios,  entre as duas partes e que os palestinianos insistem em não prosseguir, manifesta que é a sua recusa em voltar à mesa das negociações.

5 comentários:

Luís Gonçalves disse...

De referir que o território que hoje é Israel, sempre foi ocupado por população Judaica. Essa malta, cega por um anti-semitismo primário disfarçado de anti-sionismo, que se une aos islamo-fascistas do Hamas, esquece-se de referir que antes da emigração maciça de Judeus europeus, já existia uma grande comunidade em israel comunidade essa que foi reforçada por quase 1 milhão de refugiados judeus vindos de todo o mundo árabe, que ninguém refere, que perderam as suas casas e terras, e que numa lógica de "restituição" de propriedades aos palestinianos, também eles deveriam ser ressarcidos das suas propriedades perdidas em 1949.

Este sítio, bastante interesante, conta parte dessa história: http://www.judeusdospaisesarabes.com.br/index.htm

Bem hajam

shalom

DL disse...

@ Luis Gonçalves

Essa dos refugiados é mesmo de propósito para poderem manter o capital de queixa. Israel tratou dos seus refugiados, os países árabes prolongam a situação dos seus, para se poderem fazer de vitimas.

Anónimo disse...

Não. Os países árabes não trataram dos seus refugiados. Acrescentaram e continual a acrescentar, premeditadamente, muitos milhares aos seus originais refugiados para se tornarem vítimas

Dylan disse...

Sem dúvida que a defesa da causa palestiniana é tão nobre como outra qualquer, mas estes mapas caem num total fundamentalismo para não dizer ridículo.

Bahia disse...

É evidente que as mesmas pessoas que defendem o terrorismo palestino, defendem também todos os regimes tirânicos criados pela esquerda. E, infelizmente a mídia está hoje tomada por essa bosta stalinista.