Toda a gente tem direito à inocência (presumida) até ser condenada (transitado em julgado). Assim deve ser com a generalidade dos cidadãos mas não necessariamente com o ‘bicho’ político. É patente que o sistema de justiça português está em roda livre, quero dizer, pensa que é um país dentro do país e cada um dos seus ‘actores’ tenta arrebanhar ou abocanhar um máximo de províncias.
É patente que o sistema de justiça tem um calendário político e igualmente patente que o governo não tem coragem para pôr o dedo na ferida.
É também verdade que a diferença entre ‘casos’ e ‘casos criados para arremesso político’ é ténue.
De qualquer forma, parece-me que já há muito passámos a barreira do admissível.
José Sócrates, enquanto cidadão, tem direito a todas as presunções de inocência do mundo, mas o primeiro-ministro não.
Ser-se primeiro-ministro é ser-se bicho político e enquanto bicho político está-se sujeito a julgamento político. Se José Sócrates quer ser apenas avaliado enquanto José Sócrates terá que passar a exercer apenas a soberania da sua própria pessoa.
Já se me acabaram as cabeças dos dedos, dos pés e das mãos, para contar a quantidade de trapalhadas de justiça em que seus próximos colaboradores se viram metidos. Desde os caldinhos dos seus familiares com os ingleses (para não falar dos tempos em que José Sócrates não era ministro), às habilidades da sua mandatária para a juventude, à história do caramelo que queria plantar amêijoa algures para o lado do Bugio e que desapareceu deixando pendurada uma data de gente, à encrenca da cangalhada das sucatas, José Sócrates pode, pessoalmente, ter direito a todas as presunções de inocência mas o primeiro-ministro não.
Terá sido em vão que, na qualidade de figuras de estado, os camaradas Medeiros Ferreira e António Vitorino se demitiram? Qualquer destes casos, comparativamente a Sócrates era um bater de assas de borboleta frente a furacão. Em minha opinião nenhum destes casos implicaria demissão.
Que primeiro-ministro tem Portugal em instâncias internacionais? Que garantia tem Portugal relativamente à capacidade negocial de quem o representa quando se torna patente que o seu primeiro-ministro está sistematicamente rodeado, em reuniões, campanhas eleitorais, projectos em pós modernidade, de todo o tipo de trafulhas?
Se o primeiro-ministro é incapaz de manter desinfectado o seu mais próximo espaço-vital, que perspicácia terá ele em negociações internacionais de interesse nacional? Que polícias e tribunais vigiam as tramóias em que ele se deixe levar a reboque do mesmo tipo de sonsa perspicácia ou, como diz o povo, esperteza saloia?
É patente que o sistema de justiça tem um calendário político e igualmente patente que o governo não tem coragem para pôr o dedo na ferida.
É também verdade que a diferença entre ‘casos’ e ‘casos criados para arremesso político’ é ténue.
De qualquer forma, parece-me que já há muito passámos a barreira do admissível.
José Sócrates, enquanto cidadão, tem direito a todas as presunções de inocência do mundo, mas o primeiro-ministro não.
Ser-se primeiro-ministro é ser-se bicho político e enquanto bicho político está-se sujeito a julgamento político. Se José Sócrates quer ser apenas avaliado enquanto José Sócrates terá que passar a exercer apenas a soberania da sua própria pessoa.
Já se me acabaram as cabeças dos dedos, dos pés e das mãos, para contar a quantidade de trapalhadas de justiça em que seus próximos colaboradores se viram metidos. Desde os caldinhos dos seus familiares com os ingleses (para não falar dos tempos em que José Sócrates não era ministro), às habilidades da sua mandatária para a juventude, à história do caramelo que queria plantar amêijoa algures para o lado do Bugio e que desapareceu deixando pendurada uma data de gente, à encrenca da cangalhada das sucatas, José Sócrates pode, pessoalmente, ter direito a todas as presunções de inocência mas o primeiro-ministro não.
Terá sido em vão que, na qualidade de figuras de estado, os camaradas Medeiros Ferreira e António Vitorino se demitiram? Qualquer destes casos, comparativamente a Sócrates era um bater de assas de borboleta frente a furacão. Em minha opinião nenhum destes casos implicaria demissão.
Que primeiro-ministro tem Portugal em instâncias internacionais? Que garantia tem Portugal relativamente à capacidade negocial de quem o representa quando se torna patente que o seu primeiro-ministro está sistematicamente rodeado, em reuniões, campanhas eleitorais, projectos em pós modernidade, de todo o tipo de trafulhas?
Se o primeiro-ministro é incapaz de manter desinfectado o seu mais próximo espaço-vital, que perspicácia terá ele em negociações internacionais de interesse nacional? Que polícias e tribunais vigiam as tramóias em que ele se deixe levar a reboque do mesmo tipo de sonsa perspicácia ou, como diz o povo, esperteza saloia?
Por Range-o-dente, no Fiel Inimigo.
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