"Com a atribuição do prémio Nobel da Paz, Barack Obama tem a obrigação de conseguir a paz na Palestina, obrigando Israel a aceitar a criação de um Estado palestiniano nos territórios ocupados e obrigando os palestinianos a aceitar a existência e a segurança de Israel. "
Vital Moreira, na Causa dele.
Fala-se em Barack Obama e algumas personagens, como Vital Moreira, entram em convulsão. Delírio completo. Desta vez, e a propósito da atribuição do Prémio Nobel da Paz ao presidente americano, VM resolveu especular sobre a "paz na Palestina". Especulação essa, que revela uma coisa e esconde outra.
Fica-se a saber que para VM, a atribuição de um Nobel da Paz serve para obrigar o laureado a fazer aquilo que ele [Vital] entende que deve ser feito. Seria no mínimo ridícula esta pretensão, se não soubesse já que não é para a levar a sério, e que se trata apenas de uma tentativa de justificar uma atribuição que não tem pés nem cabeça.
Fica-se sem perceber qual a forma defendida por VM, e que Obama deve usar, para obrigar israelitas e palestinianos a fazerem a paz. Será à bomba?
Vital Moreira, na Causa dele.
Fala-se em Barack Obama e algumas personagens, como Vital Moreira, entram em convulsão. Delírio completo. Desta vez, e a propósito da atribuição do Prémio Nobel da Paz ao presidente americano, VM resolveu especular sobre a "paz na Palestina". Especulação essa, que revela uma coisa e esconde outra.
Fica-se a saber que para VM, a atribuição de um Nobel da Paz serve para obrigar o laureado a fazer aquilo que ele [Vital] entende que deve ser feito. Seria no mínimo ridícula esta pretensão, se não soubesse já que não é para a levar a sério, e que se trata apenas de uma tentativa de justificar uma atribuição que não tem pés nem cabeça.
Fica-se sem perceber qual a forma defendida por VM, e que Obama deve usar, para obrigar israelitas e palestinianos a fazerem a paz. Será à bomba?
22 comentários:
Qual é a tua posição sobre a permanente construção dos colonatos?
Já expliquei a minha posição noutras circunstâncias, mas respondo-lhe na mesma.
Depende de que localidades fala:
- Construções não autorizadas pelo Governo israelita, sou contra. Devem ser desmanteladas. Coisa alias que tem sido feita por ordem do ministro da Defesa, Ehud Barak;
- Construções em localidades no planalto da Judeia e da Samaria e que ficaram dentro das áreas A e B dos Acordos de Oslo, devem ser congeladas. Novas construções nesses locais não devem ser autorizadas e se começarem, devem ser desmanteladas;
- Construções nas cidades de Ariel, Modi'in Illit, Ma'ale Adumim, e no bloco Gush Etzion/Efrat, devem continuar, porque entendo que essas zonas deverão ser mantidas em Israel no futuro. Como são zonas que ficam para lá da linha verde, o futuro estado palestiniano deve receber áreas equivalentes na Galileia e no Neguev. Da Galileia, Israel pode passar para o Estado da Palestina, as localidades junto à linha verde que são habitadas maioritariamente por árabes. Troca por troca. Não vejo outra solução.
"Será à bomba?"
Nem tudo é mau, caro Levy.
Se estes gajos lançarem mão dos seu convencimento auto-sustentado e declararem que o problema está resolvido, é porque "está".
É fácil dizer "troca por troca". Entretanto houve expropriação de terrenos e casas de pessoas, de carne e osso. Se te expropriarem o terreno onde moras e te disserem que "quando chegarem a acordo para teres um país" terás um outro equivalente, és capaz de não ficar satisfeito. Sobretudo, e isto é o menos importante, quando se passa tudo à revelia do estabelecido por órgãos internacionais.
Mas não te preocupes, Obama não terá mão pesada no conflito, como tem sido habitual na relação EUA-Israel.
@ Nando
Não sei se foi você o "anónimo" que me perguntou a minha opinião. Se foi, deixe que lhe diga que eu já sabia onde é que essa pergunta queria chegar: ao costume.
Eu não disse que era facil, disse que não via outra solução.Mas se o Nando vê outra, esteja à vontade.
Sendo descendente de judeus/cristãos-novos sefarditas, sionista e ateu, posso dizer que aquilo que mais desejo para Israel é a inclusão pacífica de Gaza e da Cisjordânia no seu espaço territorial. No entanto creio que isto só seria possível se israelitas e palestinianos abandonassem a sua religião, tendo em conta que esta actua claramente como um factor de segregação e de violência. Não falo aqui de um corte forçado com a religião (como fizeram os comunistas), mas antes, de um acto de reflexão e avaliação e conjunto sobre as crenças e mandamentos da Torah e do Quran. Se chegarem à conclusão que uma parte substancial destas duas obras baseia-se em mitos e em mandamentos extremamente brutais, deixarão de existir motivos religiosos para que se perpetue este confronto. Terão de se encarar mutuamente de outra forma. Mas de que forma? Como seres humanos iguais? Sim, mas com uma ligação especial. É que os ditos palestinianos são na sua maioria descendentes de judeus/israelitas que se converteram ao Islão durante a ocupação árabe e otomana. Ou seja, no fundo o confronto entre israelitas e palestinianos é na realidade sinónimo de confronto entre israelitas que se mantêm ligados à religião mosaica (e que após séculos de repressão na Europa e Médio Oriente conquistaram Israel) e israelitas que estão ligados à religião islâmica. Seria por isso ideal que ambas as partes reconhececem que tanto uma com a outra descendem dos antigos israelitas (mesmo apesar de alguma miscigenação com europeus), pelo que a reunificação da duas faz todo o sentido. E é com base nessa reunificação entre israelitas que se justifica a inclusão de Gaza e da Cisjordânia no território israelita, bem como o retorno dos refugiados.
Posto isto, a nível cultural, seria de esperar que a língua principal de Israel continuasse a ser o Hebraico, enquanto que as línguas Árabe, Persa, Portuguesa, Espanhola, Alemã, Russa e Inglesa manter-se-iam secundárias e representativas das três principais "sub-culturas" israelitas: ashkenazi, sephardi e mizrahi (na qual os palestinianos passariam a estar enquadrados). A cultura israelita manter-se-ia heterogénea, mas desta feita, como maior peso do sub-grupo mizrahi.
Já a nível político, exigir-se-ia ao governo a adopção de medidas económicas e sociais eficazes (educação, habitação, emprego etc.) para integrar adequadamente estes "novos israelitas". Seria exigida também uma postura mais laica, isto é, no sentido de se acabrem com os condicionalismos de ordem religiosa (ex: a proibição do casamento civil e a exclusividade do tribunal rabínico para determinar quem judeu).
Por outro lado, os paises islâmicos (e em especial o Irão) deixariam de ter motivos para manter hostilidades com Israel. Até pelo contrário, seria possível que passassem a seguir o exemplo de Israel. Se países como a Síria e o Líbano agissem nesse sentido, passaria a fazer sentido falar não apenas da inclusão da Turquia na União Europeia, mas também da sua transformação numa União Euro-Asiática, a qual passaria a incluir países do Médio Oriente. A partir daqui poderíamos trabalhar para a criação da União Mundial.
Bem sei que isto pode parecer utópico, pois exigiria uma mudança radical na forma como israelitas palestinianos percepcionam a sua História e religião e no modo como isso se conjugam (ou entra em conflito) com a Ciência, Racionalismo e Humanismo. Todavia, creio que é exequível e julgo que seria a melhor solução para o bem-estar e desenvolvimento das partes envolvidas neste confronto.
Shalom aleichem
LEVY: verás que, no próximo ano, MÁRIO SOARES E MANUEL ALEGRE ESTARÃO NA FILA...Já nem falo dos Professores nem dos desempregados de Portugal...
BEIJO DE LUSIBERO
Vale a pena reflectir sobre a solução do Duarte. No mínimo, interessante. O problema são os pressupostos, mas a solução é muito interessante.
O Duarte defende esse principio da reunificação no geral, ou é só em relação a estes dois povos?
Levy,
Quando falei em reunificação no geral, referia-me a um alargamento daquilo que é hoje a União Europeia a países de outros continentes, a começar pela Turquia, Síria, Líbano e Israel.
Mas para que isso suceda esse países têm de cumprir determinados critérios de adesão. No caso de Israel, em particular, é imperativo que se resolva a questão dos palestinianos. Daí referir a reunificação entre as duas facções nos termos que já aqui referi. É a meu ver a melhor solução. Não só para ambas, mas para todo o Médio Oriente.
Cirrus,
Creio que os pressupostos podem ser cumpridos.
A mudança de mentalidades (talvez o principal pressuposto) requer à partida uma maior educação científica e moral, bem como um debate sério sobre a religião e a sua relação com o comportamento das sociedades. Creio que só a partir daqui haverão condições para que as pesosas percebam que a religião, para além de se basear substancialmente em crenças mitológicas e mandamentos extremamente violentos (como apedrejar mulheres adúlteras ou matar herejes), tem conduzido à segregação, ignorância e violência. É óbvio que não são apenas estes os únicos factores que motivam o confronto entre seres humanos. Existem outros factores (claro, está) como a disputa por interesses económicos e territoriais. Todavia, a religião é dos factores que melhor permite criar disposição para esse confronto. Facilita o surgimento de um sentido de diferenciação e separação entre as pessoas(veja-se o exemplo das Cruzadas, da Inquisição, da 2.ª GM, do terrorismo jihadista, do confronto nos Balcãs, da violência provocada por extremistas haredim etc.). E é importante que israelitas e palestinianos em particular percebam isso, pois são um exemplo clássico de dois grupos humanos que vivem num confronto permanente, fortemente exarcebado por factores de ordem religiosa, quando hoje podiam estar a viver em paz e união num mesmo país - Eretz Israel, partilhando uma identidade comum israelita, racionalista, humanista, secular, republicana, liberal, culturalmente diversificada e social-democrata. Enfim, ambas as parte poderiam já ter feito de Israel um modelo de sociedade para todos os países do Médio Oriente, não fosse por aquilo que hoje os segrega.
@ Duarte,
Essa visão é (ou foi) de alguma forma defendida por Shimon Peres no seu livro "O novo médio Oriente". Ele falava num tipo de confederação entre judeus e árabes.
Julgo que essa ideia é utópica e contraria o espírito da fundação de Israel (apesar de Ben Gurion ter deixado em aberto essa possibilidade, ao permitir a permanência de árabes dentro das fronteiras de Israel). Pessoalmente não concordo com ela, por vários motivos, entre os quais, a demografia. Não vejo com bons olhos um estado bi-nacional, ou até uma federação, ou seja o que for. Não por questões religiosas, mas porque o povo judeu é um, e o palestiniano outro. Apesar disso que o Duarte refere (de os palestinianos serem descendentes dos antigos hebreus), são descendentes, mas não são o mesmo povo.
«Julgo que essa ideia é utópica e contraria o espírito da fundação de Israel (apesar de Ben Gurion ter deixado em aberto essa possibilidade, ao permitir a permanência de árabes dentro das fronteiras de Israel).»
Esse jogo de palavras é precisamente uma consequência da falha em reconhecer que tanto os judeus vindos da Europa e Médio Oriente, como os palestinianos são no fundo o mesmo povo - o povo de Israel (embora seja claro que entre os judeus vindos da Europa, existe uma maior influência de genes europeus). É preciso perceber que enquanto uma parte dos judeus/israelitas vivia exilada na Europa, preservando a sua cultura e religião, a restante, a que permaneceu em Israel, acabou por se sujeitar ao domínio árabe e otomano. Em função disso, muitos israelitas/judeus converteram-se ao Islão, e tal como sucedeu com os cristãos-novos na Europa, também estes muçulmanos-novos acabaram por perder a ligação com a sua cultura ancestral, chegando inclusivamente ao ponto de desenvolver uma certa hostilidade para com aqueles que a quiseram preservar.
Por outro lado, para os israelitas exilados na Europa, estes conversos não contavam como parte da tribo de Israel, não apenas porque que haviam abandonado a fé judaica, mas também porque a sua visão da História era distorcida. Para os israelitas europeus, era dificil acreditar que os palestinianos fossem também israelitas, dada o forte enraizamento da crença na Diáspora (que de facto ocorreu ao longo de séculos, mas não da forma como é retratada normalmente pelos religiosos).
Infelizmente, a ignorância sobre a religião e a História é tal que só com educação rigorosa sobre estas matérias é que se poderá mudar a mente das pessoas.
«Apesar disso que o Duarte refere (de os palestinianos serem descendentes dos antigos hebreus), são descendentes, mas não são o mesmo povo.»
Isso vale tanto quanto dizer que os descendentes de judeus que foram forçados a converterem-se ao Cristianismo também não fazem parte do povo de Israel. Ou que os israelitas ateus formam hoje um povo à parte em Israel.
Agora pergunto-lhe o seguinte: Existem grandes diferenças entre um judeu mizrahi e um palestiniano, à excepção da religião?
E qual a grande diferença entre um taliban e um judeu haredi que agride brutalmente raparigas de 14 anos por andarem de saia na rua? Qual a grande diferença entre Osama Bin Ladden e Baruch Goldstein?
Espero que perceba onde quero chegar com isto.
A minha ideia é atraír os palestinianos de volta a Israel e reformular a identidade israelita e o espírito sionista em conjunto.
A questão demográfica perderá todo o sentido a partir do momento em que os palestinainos passem a ver-se (e a ser aceites) como israelitas mizrahi. É preciso uma mudança radical em termos de mentalidades! Mas como disse anteriormente, essa mudança apenas será possível com a implementação de uma educação adequada (ou seja, baseada no conhecimento científico, racionalista e humanista) e um corte com a religião.
Claro está, que se estes pressupostos não se vierem a verificar, então só restará trabalhar por uma solução de 2 Estados, como tem sido feito até agora. Escusado será dizer que se tratará uma solução derivada da ignorância humana. A second-best option perhaps...
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PS: E já que falamos em palestinianos, devo dizer-lhe também que gostaria imenso que o mesmo sucedesse com os descendentes de cristãos-novos, que hoje habitam maioritariamente em Portugal, Espanha, América do Sul e EUA. Não falo necessariamente de um regresso a Israel, mas pelo menos um despertar da memória das suas origens.
@ Duarte,
eu percebi a sua ideia e onde quer chegar. Mas estou em total desacordo. E pelos vistos os israelitas também.
Levy,
Se todos os israelitas estarão em desacordo com a minha visão, não sei, mas acredito que grande parte deles não tenha sequer pensado nestes termos, dado que ainda a percepcionam o mundo e a sua História através dos olhos da religião. Isto, obviamente, aplica-se também aos palestinianos.
Mas gostaria que me explicasse bem porque motivo está em desacordo comigo. Não acha que é melhor modificar a mentalidade de ambas as partes do conflito, de modo a poderem a viver como uma só, num só território? E quando falo de uma só, refiro-me a uma identidade israelita comum com aquelas características que já aqui referi. Ou prefere manter as pessoas segregadas? É que sinceramente, não vejo como possa ser possível manter uma solução de 2 Estados, mantendo-se um espírito de hostilidade (derivado de factores religiosos). Consideremos por exemplo a disputa por Jerusalém, que é considerada uma cidade sagrada, tanto para os seguidores da Torah, como os do Quran. Quem estará disposto a abdicar da cidade? Ou será que ambas as partes aceitarão dividir a cidade? Ehud Olmert mostrou-se disposto a negociar Jerusalém(entre outras concessões), mas em consequência disso, o seu partido, o Kadima, perdeu imenso nas últimas eleições, enquanto que o Likud, em conjunto com outros partidos de linha dura, passarou a representar a maioria.
Duvido muito que neste 4 anos da governação de Obama, se atinja qualquer progresso significativo. E quem diz 4, também diz 8, 16, 32 etc. Na melhor das hipótese será travada a expansão territorial de Israel e acabar-se-ão com alguns check-points a fim de melhorar as condições sociais e económicas dos palestinianos no West Bank. Mas uma verdadeira paz parece-me quase impossível, enquanto não houver uma mudança radical no que respeita às mentalidade das duas partes envolvidas neste conflito, tal como aqui referi.
E devo-lhe dizer que a visão que apresentei é em meu entender a melhor solução para israelitase palestinianos. Nela só vejo vantagens!! Por isso pergunto-lhe que desvantagens poderiam resultar daqui. É que ainda não ouvi uma resposta concreta da sua parte sobre isto. Diz que discorda totalmente comigo. Então, por favor, desenvolva os seus motivos de desacordo. Gostava de perceber.
Estou em desacordo consigo, porque eu defendo um estado para judeus e outro para palestinianos. Isso é mais do que suficiente.
Em relação à mudança de mentalidades das duas partes a acontecer seria benéfica se fosse no sentido de cada uma das partes aceitar a outra, mas em estados separados vivendo lado a lado.
A questão de fundo não é religiosa, e mesmo que fosse, não se pode obrigar quem não quer a viver junto. Porque é que não propõe essa solução para todos os países do mundo? Acabavam-se com as fronteiras e íamos ser todos amigos e viver em harmonia para todo o sempre.
Em relação ao que diz do Kadima, não é verdade. Perdeu 1 lugar e foi o partido mais votado. O Likud é que conseguiu formar uma coligação mais abrangente, porque ao contrário dos trabalhistas, o Kadima recusou-se a ir para o governo com o Shas e com o Lieberman, entre outros.
Gostava que me explicasse dois pontos no seu argumento:
- defende que os dois lados se devem juntar num só estado. Qual é a diferença dessa situação para a actual? Só existe Israel...
- Porque é que o estado que defende deve ter uma matriz israelita e não islâmica?
- Ou árabe? é mais correcto que "islâmico".
«Em relação à mudança de mentalidades das duas partes a acontecer seria benéfica se fosse no sentido de cada uma das partes aceitar a outra, mas em estados separados vivendo lado a lado»
Enquanto uns acreditarem que Israel pertence-lhe por ordem de Yahweh e outros disserem que lhes pertence porque aquilo é território de Islão, duvido que alguma vez se aceitem. Basta ver a disputa por Jerusalém.
Para além disso, a população palestiniana só deixou o território para os judeus vindos da Europa e de outras partes do Médio Oriente porque se viram forçados a isso, tanto pelo exército sionista, como pelas próprias autoridades árabes. Nenhum deles alguma vez aceitará de bom grado a expulsão do território onde nasceram. Acho que isso é óbvio.
«A questão de fundo não é religiosa, e mesmo que fosse, não se pode obrigar quem não quer a viver junto»
Para mim é, embora daí surjam implicações políticas e económicas, que à primeira vista podem não lhe parecer associadas.
«Porque é que não propõe essa solução para todos os países do mundo? Acabavam-se com as fronteiras e íamos ser todos amigos e viver em harmonia para todo o sempre.»
De certo modo até proponho isso. Não foi à toa que falei na criação de uma União Euro-Asiática, a qual poderia numa fase posterior evoluir para uma União Mundial. Acho que é para aí que caminhamos. Mas o caso de Israel é especial porque abrange dois grupos de israelitas que se encontram segregados em primeira instância devido à religião. E quando falo de religião, refiro-me a todas as consequências que dela advém para o comportamento e desenvolvimento das sociedade, a começar pelo antisemitismo (de génese cristã) vivido na Europa durante séculos e que atingiu o seu expoente máximo durante a 2.ª GM, o que tornou mais do que clara para os judeus europeus a necessidade de conquistarem um território onde pudessem assegurar a sua sobrevivência física e cultural.
«Em relação ao que diz do Kadima, não é verdade. Perdeu 1 lugar e foi o partido mais votado»
Perdeu os votos suficientes para não ter capacidade de formar governo com os trabalhistas. Os resultados destas eleições também permitiram perceber que os "radicais religiosos"(aqueles que tentam seguir à risca as leis da Torah) em Israel têm vindo a ganhar mais expressão, o que é um mau sinal para o futuro do país.
«Defende que os dois lados se devem juntar num só estado. Qual é a diferença dessa situação para a actual? Só existe Israel...
A diferença é óbvia! Deixaria de haver confronto entre as duas partes! Elas, aliás, passariam a estar unidas sob uma identidade comum (não só a nível de cidadania, mas também a nível cultural, para não falar da parte genética). E sim, apenas existe Israel, uma vez que não foi reconhecido oficialmente nenhum estado palestiniano (e pelo andar da carruagem, duvido que daqui a uns anos ainda haja território suficiente para tal).
«Porque é que o estado que defende deve ter uma matriz israelita e não islâmica?
Defendo uma matriz israelita porque tanto uma facção como a outra têm uma raíz israelita, embora no caso dos palestinianos se tenha perdido essa noção devido à assimilação da religião islâmica. Algo semelhante se poderá dizer em relação a muitos portugueses, espanhóis e sul-americanos, que hoje não têm a mínima noção acerca das suas raízes judaicas/israelitas devido a séculos de perseguição movida pela Igreja Católica.
« Ou árabe? É mais correcto que "islâmico".»
Porque a matriz israelita que eu defendo inclui elementos da cultura árabe (língua, escrita, música, arquitecura, poesia etc.).
Não se esqueça que a sociedade israelita inclui para além dos judeus ashkenazi e sephardi, os judeus mizrahi, muitos dos quais consideram-se árabes e persas. Por isso, no modelo que que defendo, os palestinianos passariam a ser apenas um acréscimo à actual comunidade israelita mizrahi.
(contin.)
Agora pense lá nas vantagens óbvias da concretização deste plano para a sociedade israelita. As mais evidentes seriam a conquista da paz, a reunificação de israelitas (antes separados pela ignorância exarcebada pela religião) e o alargamento do território israelita.
Senão vejamos: Que motivos teria o governo iraniano para invocar uma guerra contra Israel em tais circunstâncias? Lá se iam os argumentos da opressão sionista!
Creio até que se isto acontecesse, outros países do Médio Oriente iriam tentar seguir gradualmente o modelo de sociedade israelita, acabando por marginalizar a influência da religião.
Caro Duarte:
A necessidade de separação entre os dois povos não tem essa carga religiosa que pretende demonstrar. é uma questão que ultrapassa isso. Eu sou ateu, e sou pela separação dos dois povos. Não nego que haja messianismo nesta questão, mas essencialmente o que há é um conflito entre dois povos e não entre duas religiões.
A população palestiniana, deixou parte do território, porque fugiu e porque em muitos casos preferiu sair, convencida que era uma saída temporária e que assim que Israel fosse destruída, voltariam. Enganaram-se. Devo recordar-lhe que a seguir à guerra de 1948 também houve Judeus expulsos das suas terras.
Em relação às eleições israelitas, volto a estar em desacordo. Quem mais subiu não foram os partidos religiosos, mas os laicos: O Likud e o Ysrael Beitenu. Vejo que faz alguma confusão entre a os sectores mais à direita e os "radicais religiosos". Parece que todos os religiosos são radicais e que a direita é toda ela religiosa.
As duas partes nunca podiriam estar unidas sob uma identidade comum, porque não a têm. a situação mais parecida com essa que defende é a actual, com a existência apenas de um estado, no qual estão Judeus e palestinianos, estes contra a sua vontade.
Em conclusão, não vejo vantagem nenhuma nas suas ideias, que se fossem levadas à práticas levariam à destruição de Israel. Para além do facto de terem por detrás uma forte componente anti- religiosa, que roça o preconceito. Para si, os religiosos são ignorantes e os ateus são inteligentes. Para quem quer uma sociedade tolerante a viver em concórdia, deixe-me que lhe diga, que com essas teses está a anos luz disso.
«A necessidade de separação entre os dois povos não tem essa carga religiosa que pretende demonstrar. é uma questão que ultrapassa isso. Eu sou ateu, e sou pela separação dos dois povos»
O Levy até pode ser ateu, mas baseia-se em critérios religiosos para assumir que se tratam de dois povos distintos e não de duas partes de um povo apenas. Devia ter em maior consideração a sua relação histórica e genética com os outros judeus/israelitas. É que os palestinianos, no fundo não são mais do que judeus/israelitas mizrahi que praticam uma religião diferente. Tirando este aspecto não se contam muito mais diferenças.
Se ainda quiser insistir neste ponto, posso depois deixar-lhe aqui alguns videos sobre judeus mizrahi, em fica clara a ideia de que grande parte deles se identifica como árabe e persa. Pode ser que fique a percebe rmelhor a minha perspectiva sobre esta questão de identidade genética e cultural.
«A população palestiniana, deixou parte do território, porque fugiu e porque em muitos casos preferiu sair, convencida que era uma saída temporária e que assim que Israel fosse destruída, voltariam. Enganaram-se.»
Esse é um dos motivos, mas não nos podemos esquecer que também ocorreram alguns ataques organizados pelo Hagana e o Irgun (embora não com as proporções que os líderes árabes quiseram dar a parecer junto dos palestinianos).
«Devo recordar-lhe que a seguir à guerra de 1948 também houve Judeus expulsos das suas terras»
Estou perfeitamente ciente disso. Foram cerca de 900 mil (creio eu). E o que as pessoas deviam perceber é que esses judeus mizrahi foram bem recebidos em Israel, enquanto que os refugiados palestinainos ainda hoje são tratados como lixo humano pelos governos árabes.
«Vejo que faz alguma confusão entre a os sectores mais à direita e os "radicais religiosos". Parece que todos os religiosos são radicais e que a direita é toda ela religiosa.»
Não, não creio que todos os religiosos sejam radicais, mas não é menos verdade que a política do Likud e do Yisrael Beiteinu em muitos aspectos aproxima-se mais dos seus interesses do que a do Kadima ou do Labour.
«As duas partes nunca podiriam estar unidas sob uma identidade comum, porque não a têm.»
Isso vale tanto quanto afirmar que os sul-coreanos não têm uma identidade comum com os norte-coreanos. É certo que vivem sob regimes políticos muito diferentes e com uma educação e cultura diferentes. Mas deixaram de ser o mesmo povo?
«A situação mais parecida com essa que defende é a actual, com a existência apenas de um estado, no qual estão Judeus e palestinianos, estes contra a sua vontade.»
Desculpe lá, mas não me parece nada que tenha compreendido bem a minha visão. Caso contrário não teria feito esse comentário. Repare, eu nunca falei na integração dos palestinianos em Israel sem que houvesse uma mudança de mentalidades e convergência cultural (que em meu entender depende de um corte voluntário e meditado com a religião), visto que as considero condições fundamentais para a viabilidade do meu plano.
«Em conclusão, não vejo vantagem nenhuma nas suas ideias, que se fossem levadas à práticas levariam à destruição de Israel.»
Isso é porque não percebeu o meu plano. Está pressupor que eu pretendo integrar milhões de muçulmanos, colocando em risco os israelitas ateus e seguidores da Torah, e com isso, a sustentabilidade do Estado Israelita. Pois não é nada disso. Sugiro que leia mais atentamente o que eu escrevi anteriormente. Perceberá depois que as vantagens de um processo de reunificação e convergência cultural seriam enorme para ambas as partes.
«Para si, os religiosos são ignorantes e os ateus são inteligentes. »
Está completamente enganado a esse respeito e acho completamente despropositado esse seu comentário. Para que saiba, conheço gente religiosa que é bastante inteligente, a começar pela minha família. No entanto, não é por uma pessoa religiosa ser inteligente que automaticamente passa a ter razão sobre as suas crenças. Ora, se estas crenças induzem ao à ignorância, ódio, segregação e violência há que as denunciar como tal. Desrespeitar a religião não é equivalente ao desrespeito por quem a pratica. Espero que entenda isso.
«Para quem quer uma sociedade tolerante a viver em concórdia, deixe-me que lhe diga, que com essas teses está a anos luz disso»
Recomendo-lhe novamente que leia com mais atenção aquilo escrevi anteriomente. Nunca falei numa conversão forçada ao ateísmo. Falei sim, numa conversão voluntário e meditada auma doctrina humanista e racionalista. Esse é um dos pressupostos basilares da minha visão e que apenas pode ser satisfeito com uma educação racionalista e humanista.
Obviamente que se os pressupostos que aqui apresentei não puderem ser cumpridos, então a minha visão é meramente utópica. Resta a solução de 2 Estados, mas que em meu entender é muito menos vantajosa face à minha proposta.
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