terça-feira, 1 de junho de 2010

O que dizem os outros

(...) a Turquia prepara-se para se tornar numa potência regional com influência segura em algumas regiões da Ásia Central e no Médio Oriente, ao mesmo tempo que recupera o papel outrora reservado à Sublime Porta como protectora dos muçulmanos. No entanto, este afastamento acaba por ser uma feliz ocorrência para uma Europa ciclicamente ameaçada pela recessão e declínio demográfico. Serve como um alerta.
(...) esta incursão à Faixa de Gaza consiste num mero pretexto para o corte de relações e realinhamento político. O planeamento foi cuidadoso e o efeito mediático esclarece quem disso tenha qualquer dúvida. Restará saber qual será a reacção norte-americana e as consequências na OTAN.
Apesar da solidez da sociedade liberal de Constantinopla, terá início uma escalada nas ruas e coloca-se a questão de uma reacção turca, no caso de uma atitude estrangeira relativamente ao problema curdo. É uma arma que decerto não tardará a ser utilizada em caso de imperiosa necessidade. Junto dos radicais islamitas, a Turquia perfila-se já como o seu próximo campeão, infinitamente mais credível, poderoso e ameaçador do que qualquer arrivista iraquiano, sírio ou líbio. Sem comparação possível.
Nuno Castelo-Branco, no Blogue Aventar.

4 comentários:

Anónimo disse...

Acertou em cheio!
A Turquia está a enterrar a herança de Kemal, rapidamente e em força e está a regressar aos tempos do império, ao pretender assumir o papel de potência muçulmana hegemónica no Médio Oriente. Este incidente serve de pretexto para romper a sua tradicional colaboração com Israel.
Quais as consequências desta viragem, por exemplo para a NATO?
E ainda existem por aí uns ingénuos que acham que a Turquia deve aderir à UE!
F.G.

DL disse...

@ F.G.

É a big picture. A Turquia queria um motivo, provocou-o e teve-o. Sabia que podia contar com o histerismo delirante da extrema esquerda ocidental.

Há bocado o Nuno Rogeiro dava uma pequena pirueta, ao dizer que se os barcos levassem armas a acção era legitima, mas que se não levassem, não era.
A pergunta que a jornalista Ana Lourenço não lhe soube fazer era: e como é que se sabe se há armas ou não, antes da abordagem?

Cirrus disse...

Deixem-me lá entender: então não era o Irão o país que pretendia ser o líder hegemónico dos muçulmanos do Médio Oriente? Já não percebo nada, sinceramente. Daqui a pouco é o Brunei!

Anónimo disse...

Levy

Só recorrendo a adivinhos!
Aparentemente a marinha israelita subavaliou a agressividade e o fanatismo dos "activistas-pacifistas". Vê-se que os primeiros marinheiros a desembarcar não iam com uma postura agressiva, começando logo a ser espancados e lançados pela borda fora. Se calhar um tiros de aviso e umas granadas de gás lacrimogéneo tinham contribuído moderar o "pacifismo" desta gente de "paz". Claro que os críticos do costume começariam logo a berrar contra brutalidade sionista!
F.G.