O ministro do Interior, Eli Yishai, diz-se pronto a sair da coligação governamental se os protestos socio-económicos não forem resolvidos. Yishai que é ministro pelo Partido Shas - ortodoxo sefardita - ameaça abandonar o governo desde o início dos protestos, numa atitude no mínimo peculiar.
Que a líder da Oposição, Tzipi Livni, cavalgue a onda de descontentamento ainda é aceitável - faz parte do seu papel - o que é menos expectável é que um membro do governo não resista à pressão da rua e ameace sair no meio de uma dificuldade. Ainda para mais quando Yishai está no poder desde 1996 - com excepção do período entre 2003 e 2006 (30º Governo) - e ocupou variadíssimas pastas como a do Trabalho e da Segurança Social (27º e 28º), a da Administração Interna (29º), a da Industria, Comercio e Trabalho (31º) e a da Administração Interna novamente (32º).
Com esta posição, Yishai parece querer demarcar-se do actual governo e das suas responsabilidades nos governos anteriores, o que demonstra bem ao que anda. O seu partido Shas é amplamente conhecido por saber aproveitar muito bem as fragilidades do sistema político e eleitoral israelita, integrando normalmente as maiorias governativas a troco de avultadas extorsões orçamentais para as suas obras sociais e escolas religiosas. Não é pois de admirar que abandone o Governo neste momento de dificuldade e que regresse quando a situação for mais favorável. Faz parte da natureza dos oportunistas. Se sair, já vai tarde, pois quanto menos ministros deste calibre Israel tiver, melhor.
1 comentário:
Só faz falta quem fica. Neste caso, é bem verdade.
Enviar um comentário