quinta-feira, 14 de julho de 2011

Para que serviu o Plano da Matemática?

O famoso Plano da Matemática criado em 2006 e implementado a partir do ano lectivo 2006/2007 começa agora a mostrar resultados. Alunos que foram submetidos a 4 anos de plano, como é o caso dos nonos anos de 2009/2010, tiveram os seus desempenhos a cair a pique. O mesmo se passou com os alunos do actual 9º ano, que apesar de contarem já com 5 anos de plano, desceram os resultados face aos alunos do ano anterior. Nas Provas de Aferição de Matemática de 6º ano deste ano também houve um tombo, não obstante se tratarem de alunos com Plano desde o 2º ano de escolaridade. Resumidamente é este o proveito de cinco anos de Plano da Matemática.
Mas para que serviu então o Plano da Matemática? Para nada. Ou melhor, serviu para encher as escolas com mais burocracia. Um plano destes traz sempre consigo milhares de papeis: diagnósticos, estatísticas, estratégias, implementações, avaliações, reflexões, reformulações, actualizações, etc.
E por que não teve os efeitos anunciados? Pelos motivos do costume: é um plano de cariz estalinista, centralizado, minado pelo eduquês, pelo politicamente correcto e pela burocracia.
Para além destas características já de si perniciosas, o Plano não teve em conta outros dois importantes factores: o que se passa no 1º ciclo do ensino básico e a indisciplina. Nada se alterará no ensino em Portugal sem que se mexa nestes dois aspectos. Em relação ao 1º ciclo as orientações terão de ser para um ensino exigente da Língua Portuguesa e da Matemática - bases essenciais para os restantes ciclos de ensino. No que diz respeito à indisciplina, se não for combatida podem criar os planos que quiserem que estes não alterarão um átomo nas aulas e muito menos nos resultados. Como a indisciplina não faz parte das verdades oficiais que têm dominado o ensino em Portugal, é natural que qualquer Plano saído das luminárias do ME não a tenha em conta.
Este é aliás um dos grandes motivos pelos quais nada parece resultar na área da Educação. A nomenklatura eduquesalurdesrodriguista que está instalada nos confortáveis gabinetes da 5 de Outubro e que está a anos-luz das salas de aula, é que decide tudo o que se faz e não faz no ensino.  Por isso tudo o que conceberem não terá qualquer impacto no sistema.

4 comentários:

maria disse...

E o que me diz do PNL?

Anónimo disse...

Antes de saber para que serviu é importante saber que medidas foram implementadas com vista ao sucesso em cada escola. Ora no que respeita aos alunos beneficiaram de 45 minutos do Estudo Acompanhado para reforço de aprendizagens e, e mais nada! Não podendo esquecer que com a última organização curricular a Mat ficou com menos 45 minutos tirem as conclusões que quiserem.
Os "novos" equipamentos não são da exclusividade da Mat, são recursos da escola! O Plano serviu para reuniões e mais reuniões,trabalho de investigação para alguns se apropriarem deste trabalho para fazer Teses de Mestrado e Doutoramento.

pedro-na-escola disse...

Partilho por inteiro da opinião. Sou professor de Matemática. Para além de termos gasto milhares de euros (com despercício significativo, confesso) em material para a escola, e de termos tido - pela primeira vez - assessorias nas aulas (praticamente a única medida com algum efeito), o Plano da Matemática foi mais uma das muitas loucuras irresponsáveis que se implementaram nas escolas portuguesas.. a Indisciplina é a raiz do insucesso nas nossas escolas, mas é como se não existisse... sem a intolerância para com a indisciplina, todas as medidas na Educação serão inconsequentes!

joaopft disse...

Chegámos ao ponto em que, para se ser bom professor de Matemática, é preciso desobedecer ao Ministério, é preciso não seguir a letra e o espírito dos programas da disciplina. Como é que isto pôde acontecer? Será possível sobrevivermos, como sociedade moderna, como um "ensino" destes? Se já temos uma das mais baixas percentagens, na OCDE, de alunos a seguir cursos de engenharia, o que vai acontecer num futuro próximo?