A inquisidora-mor do Regime, Fernanda Câncio, participou numa manifestação contra a condenação à lapidação de uma mulher no Irão. Um facto aparentemente simpático e louvável. Mas só aparentemente, porque conforme muita gente desconfiou a manifestação trazia água no bico.
Agora que o protesto já passou, Câncio nunca mais se vai lembrar da condenada, preferindo apontar o seu dedo inquisitorial a quem não compareceu à sua manifestação e lembrar aos seus leitores que ela esteve lá, sim, ela esteve lá e os outros não! A sobranceria é tal que se fica com a impressão que a partir de hoje só a Fernanda Câncio é que poderá falar sobre a lapidação, porque, não nos podemos esquecer, ela esteve lá. O seu texto inquisitivo, quase todo ele escrito na primeira pessoa, não só lança uma fatwa sobre todos os Judeus, Muçulmanos, blasfemos, cds's, psd's, pcp's, etc - que não foram à manifestação da Fernanda - como ainda enumera quase uma a uma, tipo lista, as 250 pessoas que estiveram presentes.
Pesporrências destas levam a uma simples conclusão: há pessoas que se atrelam a determinadas causas unicamente para se auto-promoverem. Se assim não fosse, centravam-se nas vítimas que dizem defender, e não passavam o tempo a gabar-se de ter ido, e a enumerar quem foi e quem não foi à passeata. Não é o caso de Fernanda Câncio, cujo gigantesco ego a impede de perceber que as pessoas vão às manifestações que querem e podem, e que ter inquisidoras totalitárias por perto é sinal que as boas intenções de tais protestos não são bem aquilo que parecem.
6 comentários:
Li os posts em questão e não consigo acreditar que alguém se arvore desta maneira em guardiã da ética neste país. Mas conhecendo a peça, não é de estranhar...
Uma palavra à causa, que não tem culpa de ser defendida (será?) por gentalha desta. É uma causa que aparenta ser de facto valorosa e digna do protesto. No entanto, como em tantas outras coisas, não conhecemos todos os contornos do caso, que é estranho. A acreditar naquilo que é mais fácil, como digo, digno do nosso protesto. Mas ainda bem que não fui. Ser colado a gente desta só pode ser mau.
a manifestação é louvável a inquisidora não. E o artigo está muito bem escrito.
Se a arrogância pagasse imposto tínhamos o problema do défice resolvido! O ego desta senhora não tem limites, achando-se no direito de julgar todos os outros, que obviamente são todos seres inferiores, existindo só para para venerar tão distinta criatura.
Não sei porquê mas isto faz-me lembrar Estaline...
F.G.
de qualquer forma, não será esta senhora a colocar em causa uma boa ideia.
Esta "senhora" não põe em causa uma boa idéia mas põe em causa a participação de muito boa gente que muita falta fazem.
Esta "senhora" não passa de uma pacóvia exibicionista do "politicamente correcto" que só quer que se fale dela nem que seja para dizer mal.
Deve estar com medo que o "pinóquio" dela perca as eleições antecipadas...
Grande observação Levy, eu não teria tido capacidade de olhar as coisas assim, mas de facto quando o ego irrompe a atitude perde-se.
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