sábado, 18 de setembro de 2010

Quando as causas politicamente correctas colidem

Tal como aqui se disse, a Embaixada de Israel prestou apoio oficial à 14ª edição do Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa - Queer Lisboa 2010. Esse facto aparentemente passou  despercebido aos auto-intitulados defensores dos palestinianos e de todas as causas politicamente correctas. Descoberto o patrocínio, imediatamente se abriram as portas do Inferno. Já há manifestações de repúdio contra o apoio israelita a um festival que devia ser promotor da aceitação dos homossexuais, da tolerância e da paz. Causas bonitas e que estão sempre na boca de algumas pessoas, excepto quando colidem com os seus interesses. É o que se passa neste caso,  pois as totalitárias e pouco tolerantes associações protectoras dos gays  não gostaram de perder o protagonismo, e num ápice montaram um circo de protesto em torno de um simples apoio institucional.  Uma grande contradição, pois dizem-se defensores dos direitos dos homossexuais, mas repudiam o país do Médio-Oriente  que mais abertura dá a este assunto, ao mesmo tempo que se dizem apoiantes dos palestinianos, um povo abertamente homofóbico e que é conhecido pelas perseguições que faz aos seus gays e lésbicas. Os mistérios de tal contradição encontram explicação em três palavras: Bloco de Esquerda. Este partido, para além de ser geneticamente anti-sionista, considera-se dono das minorias,  dominando os movimentos  homossexuais. Por isso, é-lhe impossível admitir que um país como Israel apoie um festival de cinema gay. É contra-natura e estraga-lhe a cartilha ideológica. 
Não há muito a fazer em relação a isso, excepto denunciar o totalitarismo do BE e das suas associações satélite,  que com protestos destes acabam por se mostrar mais preconceituosas do que muitos homofóbicos.
Na foto a parada gay de Tel Aviv de 2010, que juntou 100 mil pessoas, quase tantas quanto os eleitores do Bloco de Esquerda e bem mais do que os filiados em associações do tipo panteras rosa.

12 comentários:

Cirrus disse...

Lamentável. Primeiro porque o sexo ou as escolhas sexuais de cada um não têm nacionalidade. Além disso, e disso podemos ter a certeza, seria uma enormíssima surpresa ver algum país árabe apoiar uma coisa destas.

Além de tudo, pergunto-me, sinceramente, se gay pode ser considerada uma classe ou tipo de cinema...

;)

DL disse...

Cirrus

Sobre a sua pergunta apenas digo que mesmo que não seja, faz parte da liberdade de fazer cinema sobre o que se quiser.

Cirrus disse...

Sem dúvida, penso que tem toda a razão. Mas então temos para aí categorias de cinema que nunca mais acabam...

DL disse...

Cirrus,

Pois realmente...

Anónimo disse...

Começo a acreditar que afinal eles existem e andam por aí, os nazis gays...
F.G.

Anónimo disse...

Como o Bloco é um partido de Causas e nada mais que Causas, sem qualquer sedimento racional, custa-lhe muito que alguém o esvazie da sua função.Seria como partir os pés de barro do "gigante" de ferro. Chega a ser patético.
Parabéns pelo blogue.

R disse...

David, não nos insulte.

Os Panteras Rosa nem sequer são uma associação...

As maiores associações defensoras dos direitos LGBT portuguesas - ILGA Portgual, rede ex aequo, Não Te Prives - são até organizadoras e/ou promotoras do evento e ainda não as vi a queixarem-se da coisa.

É só para não entrar em generalizações como quando diz "É o que se passa neste caso, pois as totalitárias e pouco tolerantes associações protectoras dos gays não gostaram de perder o protagonismo, e num ápice montaram um circo de protesto em torno de um simples apoio institucional.".

Todos sabemos que existem várias associações que são satélites do BE e do PCP, mas não nos associe a elas. Eu sou voluntário numa associação LGBT e gosto do direito a não ser metido no mesmo saco com toda a gente que também é, especialmente sendo a minha associação uma das mais equilibradas e sóbrias no panorama nacional (sem nada de anti-capitalices, pro-abortices ou anti-israelices...).

R disse...

Mais uma coisa, o BE não domina os "movimentos homossexuais". Isso até é um insulto.

Embora muitos LGBT sejam de esquerda ou até do Bloco de Esquera, em termos de acções e directivas concretas, as principais associações LGBT portuguesas são politicamente e ideologicamente pluralistas sobretudo em questão não-LGBT.

Quando ao "cinema gay", não é que seja propriamente uma categoria de cinema, mas são filmes com personagens e relações LGBT explícitas e centrais no desenvolvimento do filme, filmes esses que acabam muitas vezes por serem rejeitados no segmento geral do cinema (predominantemente não-LGBT) e consumidos/dirigidos pelo/ao público LGBT.

Este tipo de festivais organiza-se porque, dados que os filmes são rejeitados ou pouco vistos no circuito mainstream, é preciso criar um festival próprio para esta temática para se conseguir visibilidade das temáticas LGBT no cinema. ;)

Em Aveiro também vamos passar 4 filmes de temática LGBT enquadrados num mini ciclo de cinema dirigido à comunidade :)

DL disse...

Caro R

O texto visa as associações que protestaram: as Panteras e a Opus Gay, e que aparecem na lista do protesto publicada no site das Panteras. Se seguir os links vai lá ter. Obviamente que quem não está a protestar não é visado.

As Panteras não são uma associação? Bom esses detalhes técnicos desconheço-os, mas eles auto-intitulam-se de:

"Panteras Rosa - Frente de Combate à LesBiGayTransfobia"

Se não são uma associação, são uma "frente". Vai dar ao mesmo.

R disse...

Não vai dar ao mesmo ser uma associação ou uma "frente". Uma associação tem estatutos, uma base democrática e pessoas associadas que representa e perante quem responde.

Uma "frente" é, peço desculpa pela expressão, um bando. Fazem o que quiserem, como quiserem, com quem quiserem e não têm regras para obedecer nem perante quem responder. Por isso é que fazem o que querem sem se preocuparem com consequências.

São coisas bastante diferentes. Eu também posso criar um site e um grupo, mas daí a chamar-lhe "associação" e dar-lhe esse tipo de relevo ainda vai um pedaço...

Unknown disse...

David
Crítica certeira.

LGF Lizard disse...

Não me admira. Os gays também têm o direito de serem anti-semitas.