Pela primeira vez desde que foi eleito, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, evocou ontem a possibilidade de “um Estado palestiano”. Mas apenas para indicar que tem “reservas” quanto à sua existência, e durante a reunião semanal do Conselho de Ministros.
O primeiro ministro israelita está numa encruzilhada. Ou avança com o processo de paz, na direcção da formação do estado palestiniano e tem grande parte da sua base eleitoral contra, ou toma uma decisão contrária e fica com mais de metade de Israel e o mundo quase todo contra si.
As decisões que tem de tomar são muito difíceis e o risco de serem mal tomadas é enorme. A começar pelo facto de ainda não se ter percebido claramente a sua estratégia para o processo de paz, se é que tem alguma. Sem uma visão clara e determinada da questão, será muito difícil tomar as opções firmes que se lhe exigem.
Não há uma solução ideal para este conflito, há apenas a possível: manter em Israel as cidades de Ariel, Gush Etzion/Efrat e Maale Adoumim e compensar os palestinianos com territórios noutros locais (Neguev e Galileia).
Resta esperar que Netanyahu caminhe em direcção da solução de dois estados, e que ninguém lhe faça o mesmo que ele fez a Itzhak Rabin e a Ariel Sharon no passado.
As decisões que tem de tomar são muito difíceis e o risco de serem mal tomadas é enorme. A começar pelo facto de ainda não se ter percebido claramente a sua estratégia para o processo de paz, se é que tem alguma. Sem uma visão clara e determinada da questão, será muito difícil tomar as opções firmes que se lhe exigem.
Não há uma solução ideal para este conflito, há apenas a possível: manter em Israel as cidades de Ariel, Gush Etzion/Efrat e Maale Adoumim e compensar os palestinianos com territórios noutros locais (Neguev e Galileia).
Resta esperar que Netanyahu caminhe em direcção da solução de dois estados, e que ninguém lhe faça o mesmo que ele fez a Itzhak Rabin e a Ariel Sharon no passado.
11 comentários:
Acho que Netanyahu é um político medíocre e que Israel (e a Palestina, que é afectada) mereceria ter melhor à frente do seu governo.
Mas gostaria de constatar no futuro que me enganei: por vezes, podem surgir boas surpresas de quem menos se espera. Para bem de toda aquela região.
Jorge Lopes
Caro Jorge Lopes,
eu também estou a espera de uma boa surpresa. Mas duvido que apareça alguma.
Mas sou suspeito, porque eu sou pela Tzipi Livni.
Não me parece que Netanyahu vá tomar a iniciativa política na questão Israelo-Palestiniana para não atraír a inimizade do Mundo, sendo ele contra a criação dum Estado palestiniano, mas vai tentar contemporizar de forma a que a questão iraniana se agrave e se torne prioritária aos olhos do mundo, tal como já se está a tornar hoje a questão norte-coreana. Isso permitir-lhe-á ver o desenrolar dos acontecimentos mais como espectador do que como actor principal e situar-se do lado dos bons em vez de ser o mau-da-fita. Poderá parecer menos assertivo, mas nesta altura com o Mundo em stress, é seguramente mais inteligente.
A situação política no Médio-Oriente vai explodir nalgum lado e para os Israelitas será preferível que ela exploda no Irão do que em Israel.
Franco,
talvez seja como diz, só discordo em dois pontos:
- Israel nunca poderá ser apenas espectadora na questão do Irão. Há um enorme interesse directo na questão e um grande consenso interno em relação a isso, muito maior do que há em relação aos palestinianos.
- Julgo que a inimizade do mundo será atraida se ele nada fizer em relação ao estado palestiniano. Alias, neste momento já é visivel que não está com muita vontade de ir por ai.
Levy, se ele aceitasse a criação de um Estado palestiniano, seguir-se-ía o desmembramento do Governo israelita, a começar pela direita religiosa, seguida do Israel Beitenu e das divisões dentro do Likud, à parte de isso ser contra a própria ideologia de Netanyahu. Quanto ao Irão não se preocupe, porque um Irão com a arma atómica incomoda muita gente, a começar pelos Estados árabes da região para quem um Irão forte significa revoluções islâmicas nas ruas desses países. Não quer dizer que Israel não deva actuar, mas só o deve fazer depois de outros países o desejarem também. De qualquer modo, você conhece as profecias judaicas para esta altura? Dizem que grandes conflitos ocorrerão fora de Israel, mas que Israel sairá ileso.
Franco,
eu ligo pouco a profecias:)
O desmembramento do governo é uma possibilidade, mas por motivos ligeiramente diferentes dos que aponta. A oposição à solução de 2 estados vem da União Nacional, da Casa Judaica e de parte do Likud. O Israel Beitenu já se mostrou favorável a isso, e o Shas que não é sionista, também não opõe abertamente.
A direita religiosa, não é aquilo que muitas vezes transparece. É mais plural e diversificada do que se julga e não age em bloco.
O Israel Beitenu diz uma coisa diferente todos os dias, conforme está ou não sob pressão. O cimento que une este Governo é o nacionalismo e isso implica a não aceitação da criação de um Estado palestiniano. Não digo que estejam certos, mas é assim que são. Quanto a um processo de paz baseado na solução de 2 estados, temo ser um pouco tarde para isso. O Hamas, que neste momento é maioritário nas sondagens palestinianas, é contra a existência do Estado de Israel, o Hezbollah que poderá vir a ganhar as eleições no Líbano também, o Irão que tem vindo a ganhar protagonismo ùltimamente, também. Creio ser esta a altura de confrontar os extremismos e de negociações políticas poder-se-á falar depois. É pena não acreditar em profecias, são uma boa bússola para uma pessoa se guiar nesta altura.Cumprimentos.
Eu julgo que a criação do estado palestiniano, será feita por um governo que perceba que é mais perigoso para a existência de Israel a situação actual. Há um problema demográfico e moral que está subjacente a isso.
Esses aspectos que refere, são muito importantes e deverão ser tomados em conta. O estado palestiniano a existir, terá de ser criado por um processo muito controlado e muito condicionado. Mas julgo que não é por haver extremismos no horizonte que não se devam fazer as necessárias negociações políticas.
É díficil fazer a guerra e a paz ao mesmo tempo.Boa noite.
Assim é. Boa noite :)
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